‘Ela é a minha referência’; bailarina Ingrid Silva visita Ballet Manguinhos

Além da instituição em Manguinhos, a bailarina internacional e cria de projeto social também visitará projetos do Complexo do Alemão e Cidade de Deus.
Foto: Uendell Vinicius / Voz das Comunidades

“Ingrid! Ingrid! Ingrid”, foi assim, aos gritos de entusiasmo, que as crianças e adolescentes da Associação Ballet Manguinhos recepcionaram a bailarina Ingrid Silva.

Nascida em Benfica, na Zona Norte do Rio, e cria de projeto social, Ingrid, que atualmente dança na companhia Dance Theatre of Harlem em Nova Iorque, desembarcou no Brasil para uma série de visitas a escolas e projetos sociais ligados a dança. A primeira parada foi no Ballet Manguinhos e por lá, ela é sinônimo de representatividade e muita admiração.

“Fiquei muito emocionada ao conhecer a trajetória dela porque eu vi uma menina preta, como eu, dançando na sapatilha de ponta, em um palco grande, se tornando reconhecida internacionalmente… Me espelho muito nela porque ela é preta que nem eu e conseguiu chegar lá fora. Espero que um dia eu consiga também”, conta a bailarina Giovanna Laysa, de 18 anos e moradora do Mandela, na Zona Norte do Rio.

A bailarina e moradora do Complexo do Alemão, Beatriz Aguiar, de 16 anos, também contou que se inspira muito em Ingrid e que não poderia perder por nada. “Faço parte da ONG Na Ponta dos Pés do Complexo do Alemão. Ingrid vai visitar lá também e eu vou, mas não poderia perder a chance de estar aqui também. Ela é uma referência muito grande para mim por ser negra e por ter começado em um projeto social, assim como eu. A história dela, além de linda, é muito inspiradora”.

Já Carine Severiano, diretora administrativa, do Ballet Manguinhos, contou que há anos a instituição tenta levar Ingrid até as crianças de Manguinhos, mas as agendas não batiam, até que finalmente surgiu a oportunidade. “É muito importante trazer para a nossa instituição alguém de muito perto que deu certo. A Ingrid Silva é daqui, de Benfica, praticamente do lado de Manguinhos. É uma pessoa que as nossas alunas acompanham a história, as conquistas, os avanços… Ter ela no Ballet Manguinhos é a concretização de um sonho, é a certeza que é possível continuar acreditando porque é real”, conta a diretora.

A emoção do encontro foi celebrada com uma masterclass da bailarina internacional. As alunas do Ballet Manguinhos, por cerca de 2 horas, tiveram total atenção e correção de Ingrid. E a bailarina profissional também se emocionou ao encontrar pequenas versões dela, cheias de sonhos e com muita determinação. “É muito gratificante poder voltar para um projeto social. Eu comecei em um projeto social também. Eu sei todas as carências de um projeto. Quando você começa, você não tem sapatilha, até porque essa não é uma realidade nossa de comunidade. Até para explicar para os nossos pais o que a gente faz e precisa na dança é complicado. Mas ver o trabalho do Ballet Manguinhos e todo o suporte que eles dão aos alunos, é ver que a arte tem futuro. E eu sempre quis retribuir de alguma forma. É uma emoção muito grande para mim. Fiquei super emocionada”.

Ingrid passará pela ONG Na Ponta dos Pés, no Complexo do Alemão, dia 23 de maio. O Projeto Vidançar, que também fica na mesma localidade, espera a bailarina no dia 24 de maio. Já no dia 28, a visita vai ser na Academia Valeria Martins, na Cidade de Deus.

Foto: Uendell Vinicius / Voz das Comunidades

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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