No dia 30 de Setembro, comemoramos o Dia da Secretária ou Secretário. Embora o serviço pareça distante da realidade favelada, a demanda por serviços de secretariado cresce cada vez mais e a desigualdade de acesso à tecnologia nas favelas também. Mulheres como a Jojô (no Alemão) e Adriana (no Vidigal) desenvolveram iniciativas que vão além da digitação, elas oferecem um serviço essencial para a cidadania da população de favela.
Em Nova Brasília no CPX, a Jojô Serviços oferece atividades de secretariado personalizado. Ela auxilia os moradores na emissão de documentos, preenchimento de formulários e até mesmo na busca por empregos.
Através do Prouni, Joelma Alcântara (39), a Jojô, conseguiu bolsa de 100% para cursar Recursos Humanos e, em 2015, 7 anos depois de trabalhar em um escritório de advocacia, , decidiu empreender. Jojô conta que já ajudou mais de 2000 pessoas a retornarem ao mercado de trabalho; mais de 20.000 moradores no resgate à cidadania, através da retirada de documentos; e ainda auxiliou mais de 150 empreendedores na formalização como MEI (Microempreendedor Individual).
“Quando eu tenho um retorno positivo de alguém que conseguiu um emprego através da nossa ajuda e agora tem condições de levar o pão de cada dia e sustento para sua família, alguém que conseguiu seus documentos para resolver seus problemas diários ou vejo uma mãe chorar de alegria quando realizamos a matrícula escolar do seu filho, sem dúvidas é o que me move a continuar todo dia. Saber que eu pude proporcionar aquela alegria para a pessoa, sei que é um trabalho árduo mas que vale muito a pena”, conta Jojô.
O projeto Família na Mesa Também presta serviços de secretariado, além de distribuir Cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade. A iniciativa visa garantir que todos tenham acesso aos seus direitos básicos e possam construir um futuro mais digno. O projeto atua há 6 anos na Rocinha e chegou este ano no Vidigal.
Adriana Santos (36), presidente da instituição, fala da importância dos serviços: “O documento é direito de todo cidadão. E, para moradores de favela, o valor de uma taxa para tirar um documento pode ser o de uma refeição. Ele vai deixar de comer para pagar ou vai deixar de fazer para alimentar a si e sua família”, afirma.
Uma pesquisa do Instituto Locomotiva de 2021 revelou que cerca de 43% dos moradores de favela não têm acesso à Internet de qualidade. De acordo com o IBGE, 2,7 milhões de brasileiros também não possuem documentos ou qualquer registro civil. Tema da redação do ENEM em 2021, a falta de documentos é um dos maiores obstáculos para o acesso à cidadania, aliada ao desconhecimento de direitos e dificuldade de acesso a tecnologias, agrava-se ainda mais a situação da Favela.
Tanto a Jojô Serviços quanto o Família na Mesa revelam o quanto é fundamental os serviços de secretariado nas favelas. No entanto, para que essas iniciativas possam alcançar um número ainda maior de pessoas, é essencial que haja políticas públicas que incentivem projetos sociais e empreendedores locais, além do investimento em tecnologia, educação e espaços públicos digitais para garantir que todos tenham acesso aos seus direitos.