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Como a atividade física ajuda a vencer o vício do cigarro? Vidigalense fumou por 20 anos e hoje corre 10 km em uma hora

Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

A atividade física é conhecida pelos benefícios visíveis ao corpo humano, mas vai além, o esporte é um importante aliado na luta contra o tabagismo e na melhoria da respiração. Monitorando o progresso global no controle do tabaco, dados da Progress Hub estimam que mais de 16 milhões de brasileiros adultos consomem alguma forma da droga, que mata cerca de 160 mil pessoas por ano no país.

Ana Cristina Santos (44), moradora do Vidigal e assistente social, está sem fumar há 18 meses. Para ela,  as atividades físicas têm funcionado. “Depois que você corre 1km, a última coisa que você quer é acender um cigarro”. 

Ela deixou o vício que mantinha há mais de 20 anos, quando começou a trabalhar em um projeto de esporte. “Lá não fazia sentido acender o cigarro, então comecei a perceber que se eu conseguia ficar 8h sem fumar, eu poderia tentar ficar mais”.

O educador físico, Isac Dantas, explica que a nicotina presente no cigarro diminui a espessura das veias, impedindo o fluxo sanguíneo. “Como consequência, cria-se um desequilíbrio do sistema de coagulação, aumentando as chances de trombose, de entupimentos das veias e artérias, ampliando o risco de ter um infarto e AVC”.

Exercícios leves como caminhada e natação são os mais indicados para ex-fumantes. “Esse treinamento é capaz de dar força ao pulmão e aos músculos respiratórios. A musculação também é essencial, tem que pegar peso e ganhar massa muscular. O músculo é um órgão endócrino, ou seja, capaz de expulsar diversos hormônios. Essa junção de treinamento de força com o treinamento aeróbico traz muitos benefícios”, pontua Isac.

Ana conta que sempre quis correr. Ela até tentou quando era fumante, mas faltava fôlego. Agora se orgulha dos seus resultados. 

“Eu corro 10km que dá em torno de 1h. Minha capacidade respiratória melhorou muito, meu paladar também, sem falar que fico cheirosa, né? O cheiro do cigarro ficava impregnado e hoje não tenho mais a preocupação em falar perto das pessoas”.

“É uma dependência que não traz benefício nenhum. Ao contrário, existem outras maneiras que acalmam e beneficiam sua saúde, a atividade física é uma delas”
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Antes de iniciar a prática esportiva é necessário auxílio profissional. “Uma pessoa que passou anos fumando, sedentária. Para ela desanimar é muito fácil. Sem força, sem resistência e sem ninguém para incentivar,” finaliza o educador Isac. 

Em unidades de saúde como o Centro Municipal de Saúde Rodolpho Perisse no Vidigal, é oferecido tratamento gratuito contra o tabagismo. A iniciativa conta com acolhimento individual ou em grupo; e o acompanhamento pode ser feito com ou sem uso de medicamentos.

A planta Nicotiana tabacum é a base para uma variedade de produtos, incluindo cigarros, charutos, cachimbos, cigarrilhas, narguilés e dispositivos eletrônicos. A substância psicoativa presente em todos esses produtos é a nicotina, responsável por causar dependência química. Uma vez inalada ou ingerida, ela se distribui rapidamente pelo organismo, atingindo órgãos como pulmão, cérebro e coração. 

Sua presença também é detectada em fluidos corporais como saliva, suco gástrico e leite materno, afetando não apenas a saúde do fumante, como também de pessoas em seu entorno.

Em dados levantados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), 477 pessoas morrem diariamente por causa do tabaco. Para além do risco de morte, a inalação da fumaça do cigarro causa danos aos pulmões, levando ao desenvolvimento de doenças como a bronquite crônica e o enfisema – condições que comprometem a capacidade respiratória dos fumantes ativos e passivos no dia a dia.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem intensificado o combate ao tabagismo em dispositivos eletrônicos, proibindo a comercialização de cigarros do tipo vape (cigarro eletrônico), por meio da Resolução da Diretoria Colegiada nº 855/2024. Essa medida visa reduzir a exposição da população aos riscos associados à nicotina e aos seus derivados. 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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