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Biblioteca Marginow deu espaço aos livros e a cultura, em local que por anos foi marcado por armas

Em meio à pandemia, Jessé Andarilho leva aos moradores da Favela do Antares arte e literatura

Foto: Reprodução

A Favela de Antares, Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro, ganhou das mãos do seu cria, Jessé Andarilho, um polo de cultura super importante para a região. Único polo de Cultura existente na Favela de Antares, que abrange literatura e arte em geral, o espaço leva o nome de uns dos projetos do escritor, Marginow.

A ideia surgiu em 2019, quando Jessé Andarilho viu no posto policial da localidade um grande potencial para que armas fossem transformadas em livros, dando oportunidade a todos dos moradores de Antares. Numa ocasião anterior, ele comentou sobre isso. “Vou te contar em primeira mão: estou correndo atrás de um local em Antares para ser a Casa Marginow, e isso está próximo de acontecer. Um local de liberdade, uma mistura dessas artes: rap, cultura, literatura e cinema. Os moradores de Antares vão encontrar tudo isso nesse espaço”.

E não é que a ousadia e vontade de levar cultura a população motivou seu ilustre morador a conquistar seu sonho. Jessé, depois de meses de negociações, conseguiu transformar o espaço em uma biblioteca, com uma grande variedade de livros e fazendo do local um intercambio entre poetas e artistas em geral.

Jessé Andarilho viu no posto policial a oportunidade de trazer para favela, literatura e arte.
Foto: Karen Melo / Voz das Comunidades

O espaço teve apoio dos próprios moradores para a reforma estrutural do local. Contou com o eletricista, bombeiro hidráulico e serralheiro, moradores da região. “A própria comunidade se mobilizou para ajudar com a reforma da biblioteca”, afirmou. A reforma foi tão impactante que, no local, teve o serviço de limpeza urbana e iluminação à noite, ação que não existia na rua da biblioteca.

Até a iluminação publica, foi providenciada no local, facilitando a vida dos frequentadores e moradores locais.
Foto: Divulgação

A inauguração da Biblioteca Marginow foi feita neste período da pandemia de Covid-19, o que provou para o Antares que os livros podem transformar vidas. Além disso, nesse tempo, o escritor fez campanha de brinquedos e doações de máscaras. Mas, não parou por aí. O espaço vai ganhar em breve um estúdio para ajudar artistas locais, está viabilizando meios e buscando formas de cada vez mais artistas e moradores locais terem acesso ao audiovisual, a música e a cultura.

Para ter acesso à biblioteca, não é necessário fazer cadastro, bastar ir ao local que o morador já ganha máscara e álcool em gel. E, assim, faz a retirada do livro. Mas, após terminar de ler, é necessário devolver, para outros também terem acesso. Quem quiser fazer doações, fica na localizada da Travessa vinte e quatro, 245, Antares, Santa Cruz. O horário de funcionamento é de 13h as 18h, de segunda a sexta.

“Todas as doações são bem vinda, qualquer saco de cimento, materiais de construção, qualquer quantia em dinheiro, livros, equipamentos, estamos recebendo. Temos uma equipe grande que trabalha voluntariamente no espaço”, comenta.

Sobre Jessé Andarilho

Jessé Andarilho, tem 39 anos, é cria da favela de Antares, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Filho de vendedores ambulantes, pai de 3 filhos, trabalhou em diversas áreas dentro da favela, de lava jato a camelo, até ler seu primeiro livro aos 24 anos e se tornar um dos maiores escritores periféricos do país.

Autor dos livros “Fiel” e “Efetivo Variável”, Jessé escreve sobre personagens comuns e suas vidas incomuns, mostrando toda a potência e sensibilidade de um verdadeiro cria, na sua escrita, impactando aos leitores, trazendo uma narrativa muito próxima a realidade de quem vive na favela.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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