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Após conquistarem bolsa, bailarinas da Cidade de Deus ainda precisam de ajuda para custear estudos

Por meio de uma nova "vakinha", a professora Valéria Martins busca pagar custos diários das jovens e demais necessidades em Nova York, Estados Unidos
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Cinco bailarinas clássicas da Cidade de Deus, da Academia Valéria Martins, estão no aguardo para embarcar rumo à Nova York, nos Estados Unidos. Giovanna, Kemilly, Ana Caroline, Gabrielle e Luana conquistaram uma bolsa para estudar na companhia de dança Ajkun Ballet Theatre (AjkunBT).

Mas, apenas duas delas já têm as passagens aéreas, doadas pela American Airlines, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro. As outras três ainda estão buscando ajuda, junto da professora Valéria Martins, para custear o sonho.

Valéria Martins e suas alunas, da esquerda para a direita: Ana Caroline, Kemilly, Giovanna, Luana e Gabrielle
Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

Ainda em busca do sonho

Além das passagens de ida e volta para ficarem pelo período de 40 dias estudando na AjkunBT, podendo ser estendido até 6 meses (validade do visto de turista nos EUA), as alunas da Academia de Dança Valéria Martins precisam ainda conseguir dinheiro para sua permanência, já que as bolsas são de 50 e 75%. Como chegarão em Nova York após o início das aulas, não há lugar no alojamento da companhia para abrigá-las. Logo, vão ter que tira do próprio bolso.

Anteriormente, foi feita uma Vakinha no valor de R$ 40 mil. Esse dinheiro conquistado foi usado para regularizar os documentos das meninas, como passaporte e visto de turista, que foram burocracias resolvidas por um despachante contratado (já que ninguém tinha experiência com trâmites internacionais). Além disso, foi usado para cobrir outros custos, como estadia, internet, custos diários e passagens do Bailarino Daniel Santos, primeiro aluno a conseguir a bolsa.

O Daniel Santos, de 21 anos, também da Academia de Dança Valéria Martins, foi aprovado na audição da companhia internacional, em 2019, o que lhe rendeu uma bolsa de 100%. Há 1 mês, Daniel está tendo que se adaptar com o frio de Nova York e, segundo a professora Valéria, ele tem vários planos. “Ele não pode assinar contrato de trabalho, mas pode arrumar uns trabalhos como freelancer. Ele já tem o sonho de comprar uma casa para a mãe dele aqui no Brasil! A mente dele expandiu e com certeza nunca mais vai se limitar. Ele viu que agora pode chegar aonde quiser!”, comemora Valéria, que tem sido parte da rede de apoio do rapaz.

Valéria Martins, a fundadora e professora da academia, contou qu etem esperança de conseguir mais três doações de passagens aéreas da American Airlines, pela SECEC-RJ para as meninas embarcarem em janeiro de 2023. Mas não é certo.

Abaixo, os interessados em colaborar podem conhecer um pouco mais sobre cada bailarina.

Bailarina Giovanna Mendes

Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

Giovanna Mendes é a caçula do grupo e conseguiu uma bolsa de 75% por meio de uma audição da companhia em 2021. Aos 12 anos de idade, ela conta que está na Academia de Dança Valéria Martins desde os 5. Moradora da Cidade de Deus, Giovanna expressa seu sonho de ser uma bailarina clássica internacional e diz sobre a oportunidade. “Foi inesperado! Eu não estava acreditando e, na verdade, até hoje eu não acredito! Vou ficar nervosa lá porque eu não sei como vai ser. Mas, vou me esforçar ao máximo para conseguir me tornar uma bailarina internacional”.

Bailarina Kemilly Cristina

Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

Kemilly Cristina tem 16 anos e é aluna desde os 10. É apaixonada pelo balé e pelo sapateado. Sem palavras para descrever o sentimento de ter conquistado uma bolsa de 75% para estudar nos EUA, confessa que ninguém acreditava nela. “Eu sempre fui a improvável da família. As pessoas falavam que eu não iria conseguir. Então, ser a primeira da família a realizar isso é muito bom. Mostrei para todos que eu posso e que eu consigo!”, desabafa. Kemilly diz ainda que sua autoestima, principalmente como bailarina, melhorou muito após o festival de fim de ano que a Valéria promove. “Ganhei o troféu de melhor bailarina do ano e isso me ajudou muito”.

Bailarina Ana Caroline

Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

Ana Caroline, de 16 anos, está desde os 9 anos como aluna. Ela conta que sempre sonhou em ser uma bailarina clássica profissional. “Eu to muito feliz porque desde pequena sempre foi meu sonho. Desde pequena sempre fiz muitas audições e, passar para uma companhia em NY, me fez acreditar mais em mim mesma”, comentou. Carol conseguiu uma bolsa de 50% em 2020 e irá viajar dia 3 de outubro deste ano. Ela é uma das duas meninas que recebeu de doação passagem de ida e volta pela American Airlines.

Bailarina Gabrielle Bezerra

Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

Gabrielle Bezerra, de 17 anos, entrou no mundo da dança ainda bebê. Com 2 anos e meio de vida, já começava no balé clássico e, aos 14, entrou para a Academia de Dança. Ela, que conseguiu bolsa de 50%, vai embarcar dia 3 de outubro deste ano para os EUA, junto da Carol. E, manifesta que pretende ficar por lá mesmo. “Minha expectativa é não voltar para o Brasil, apesar de saber que é uma realidade distante. Mas, eu penso que sou capaz de qualquer coisa e sei que tenho que tentar! A expectativa é muito boa, sei que vai dar certo!”.

Bailarina Luana Amara

Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

A mais velha entre as meninas, Luana Amara, de 18 anos, dança desde os 5 anos de idade as modalidades street dance, jazz e dança do ventre. Aos 11, ela entrou para o balé clássico, na Academia de Dança. Moradora da Gardênia, próximo da Cidade de Deus, Luana fala sobre sua expectativa, que já está lá em cima!. “Expectativa muito grande mesmo. Quero trazer muita experiência lá de fora! Só de estar no meu currículo a AjkunBT, vai ser ótimo para que eu possa voltar e trabalhar em boas companhias aqui no Brasil”, desabafa a bailarina, que a princípio, diz que não pretende morar para sempre nos EUA. Mas, diz. ”Claro que se eu conseguir um contrato lá eu vou pegar”.

Saiba como doar

Aos interessados em doar qualquer quantia para ajudar no sonho das jovens bailarinas, basta clicar no link da Vakinha a seguir (https://www.vakinha.com.br/vaquinha/custos-diarios-durante-o-curso-em-nova-iorque).

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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