Uma grande personagem do voleibol brasileiro é Fernanda Garay. O talento, habilidade e presença da jogadora dentro das quadras chama a atenção do público, sem falar nas caras e bocas que faz durante as partidas. O vídeo do sorriso meigo dando lugar à expressão concentrada durante uma partida contra o Comitê Olímpico Russo ganhou as redes sociais em 2021.
Quem vê a jovem Lauany Sarah, enxerga alguém que parece seguir os passos da atleta profissional. Durante a entrevista para o Voz das Comunidades, a menina exibe um sorriso meigo e envergonhado. À medida que vai conversando, Lauany vai se soltando. Já nos bastidores das fotos, é visível o rosto sério de concentração. Mesmo se tratando de um registro fotográfico para o jornal, Lauany prende a atenção ao praticar movimentos do voleibol.
Moradora do Complexo da Penha, zona norte do Rio de Janeiro, Lauany, de 12 anos, é estudante e atleta de vôlei na categoria mirim do Fluminense. A menina tem a quem puxar quando se trata de esportes. Tanto a mãe, Myrtis Cileni, como as irmãs tiveram proximidade com atividades esportivas e sempre incentivaram umas às outras quanto ao desempenho.
Myrtis conta que resolveu colocar Lauany para fazer um teste no time, já que a menina sempre foi habilidosa nos esportes. Antes de ingressar no vôlei, Lauany fazia jiu-jitsu. Começou aos 7 e foi até os 11 anos. Atualmente, guarda mais de 25 medalhas do esporte. Quando entrou no vôlei, não demorou muito para pular categorias. “Tem a categoria pré-mirim e o mirim, sendo que este último já tem campeonatos. Ela entrou em fevereiro de 2021 e, dois meses depois, já estava na categoria mirim. Atualmente, ela atua na posição de central, sob o comando do professor Marco Antonio.
Para ir até os treinos, a atleta utiliza os ônibus 625 ou 312 até um ponto de ônibus ainda dentro do Complexo da Penha. Depois, embarcam no 628 até à estação de metrô Del Castilho. De lá, utiliza o transporte ferroviário até a estação Largo do Machado, na zona sul da cidade, onde vai andando até o clube. O trajeto tem 20 km e, dependendo das condições do trânsito, varia entre 1h e 1h30min de viagem. Até o ano passado, Lauany sempre ia acompanhada aos treinos da mãe ou das irmãs, Ariany Stephani, maquiadora de 16 anos, e a técnica de enfermagem, Luana Mara, de 20 anos. As meninas são muito unidas e sempre se organizam para levar a atleta ao clube. A mãe Myrtis se orgulha do quanto as filhas a auxiliaram no processo.
“Elas foram muito importantes na trajetória levando a Lauany para os treinos. Eu sou gari. Saía às 4h da manhã de casa e chegava umas 15h em casa. Eu levava sempre que podia, mas tinha dias que eu chegava muito cansada. Então, uma das minhas filhas sempre se oferecia para levar ela. Esse ano as duas mais velhas estão trabalhando, então eu levo a Lauany todos os dias. Menos no sábado, quando pego mais cedo.”, detalha Myrtis.
A mãe também defende que enxerga no esporte uma oportunidade de crianças e jovens terem um futuro. “Ele tira as crianças da rua e aparece como uma chance de dar um futuro para elas. Eu falo assim para Lauany que eu quero muito que ela seja uma grande jogadora profissional de vôlei, mas eu também quero que ela tenha uma outra profissão. Hoje em dia, o esporte não dá mais garantia que nem antigamente. Você precisa ter uma profissão em paralelo”.
Questionada sobre sua “ídola” dentro do vôlei, Lauany revela que Mayara Barcelos da Silva é quem ganha a sua admiração. “A Mayara é muito boa! Ela me inspira muito. Ela é ponteira do time profissional do Fluminense”. E sobre ter um grande sonho dentro do esporte, a menina responde sorridente. “Conhecer o mundo todo”.