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Em meio à pandemia da Covid-19, é necessário também estar atento com a dengue

Mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, ainda é necessário combater o mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti

Arte: Douglas Lopes / Voz das Comunidades

Desde 2020 a pandemia da Covid-19 assola o mundo. Contudo, a presença do novo coronavírus não acabou com a existência de outros tipos de doenças. Uma dessas doenças que estão muito presentes neste período de verão é a Dengue. E o acúmulo de água parada é um forte aliado da proliferação do mosquito Aedes aegypti, que transmite a enfermidade. Brasileiros ainda vivem sob as consequências da pandemia da Covid-19, mas ainda sim, além dos cuidados com o contágio do novo coronavírus, é necessário se atentar para o combate à Dengue. Existem quatro tipos da doença circulando no Brasil: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. O mesmo mosquito também transmite Chikungunya, Febre Amarela e Zika.  

Especialistas de saúde alertam que é importante continuar a prevenção contra a Dengue. “A pandemia do coronavírus acabou mascarando a notificação destes casos, porque os quadros virais são muitos semelhantes e assim sendo enquadrado como Covid-19. Em razão dessa mascaração de dados, não significa que ela não esteja presente na sociedade. Aqui no Complexo do Alemão, por exemplo, os números de Chikungunya são altos nos últimos anos, então não é por conta da Covid-19 que eles vão desaparecer”, explica a doutora Nayara Rocha, da Clínica da Família do Alemão. Desde 2019, os maiores casos de de Chikungunya, são da região da  Leopoldina.

A Dengue pode ter diferentes quadros clínicos e de prognóstico imprevisível. Os sintomas iniciais aparecem geralmente 10 dias depois da picada do mosquito infectado pelo vírus. A doença começa bruscamente e parece uma gripe grave com febre alta, fortes dores de cabeça e nos olhos, além de dores musculares e nas articulações. E tem sido confundida com a Covid-19 em razão dos sintomas parecidos.

Durante a evolução da doença, destacam-se três fases: febril, crítica e de recuperação. Na fase crítica (entre o terceiro e o sexto dia depois do início dos sintomas), podem surgir manifestações clínicas correspondentes a uma complicação da doença potencialmente letal. A chamada Dengue grave, conhecida antes como Dengue hemorrágica, aparece devido ao aumento da permeabilidade vascular e da perda de plasma, o que pode levar ao choque irreversível e à morte.

Os sinais clínicos de alarme da Dengue grave são: dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, tonturas, decaimento, desmaios (hipotensão postural e/ou lipotimia), aumento de tamanho do fígado (hepatomegalia dolorosa), sangramento na gengiva e no nariz ou hemorragias importantes (vômitos com sangue e/ou fezes com sangue de cor escura), sonolência e/ou irritabilidade, diminuição da diurese (diminuição do volume urinado), diminuição repentina da temperatura do corpo (hipotermia) e desconforto respiratório.

Uma infecção curada de Dengue dá ao paciente imunidade contra aquele tipo de vírus que causa a doença. Porém, por existirem quatro tipos diferentes de vírus, ou seja, para estar totalmente imunizado é necessário ter tido contato com todos eles. A cada contágio com um novo tipo de vírus, os sintomas são mais intensos e o risco de desenvolver a Dengue grave é ainda mais alto. Ainda não existe tratamento específico para Dengue. Os cuidados terapêuticos consistem em tratar os sintomas. O diagnóstico da Dengue é feito comumente mediante sorologia para determinar a presença de anticorpos contra o vírus no sangue. Mas o exame de sangue não determina especificamente qual tipo de vírus é responsável pela infecção

Números 

Até novembro de 2020, o Ministério da Saúde havia registrado quase 1 milhão de casos de dengue no país. No último levantamento, em 14 de novembro de 2020, foram registrados 971.136 casos. As maiores taxas de incidência foram registradas nos estados do Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal.

Combate 

“Neste período de calor e com chuvas é preciso intensificar os cuidados com a Dengue. Quem estiver em casa durante esta pandemia, é só fazer uma busca por criadouros de mosquitos uma vez por semana. Eliminar todo lugar onde possa ter água parada, mesmo que seja uma tampinha de refrigerante no quintal”, reforça Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz e líder do Método Wolbachia. 

No ano passado, a Fiocruz em parceria com World Mosquito Program realizou ações de liberação de Wolbachia, que é uma bactéria presente em cerca de 60% dos insetos. No entanto, não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando está no mosquito a Wolbachi, que é segura para humanos, animais e ambiente, impede que os vírus da Dengue, Zika, Chikungunya e Febre Amarela urbana se desenvolvam dentro dele, contribuindo para redução das doenças.

A proliferação do mosquito pode ser evitada, já que ele precisa de água parada para colocar seus ovos. O inseto não precisa de áreas grandes para colocar seus ovos, basta uma tampinha, uma latinha de refrigerante, copos de plástico, vasos de planta, calhas, que acumulem água. A fêmea do mosquito pode ter até 200 filhotes e só elas transmitem a Dengue. Ao picar uma pessoa já infectada, ela carrega o vírus e pode contaminar outras pessoas ao redor se picá-las também. Ou seja, a prevenção é o melhor e mais eficaz remédio contra as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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