Hoje é sábado. Dia de um futebolzinho com a galera lá na quadra no topo do morro. Tô só esperando minha mãe preparar aquele pão com ovo para eu encontrar a galera.
- Marcos, não fica muito tempo na rua e toma cuidado. E trate de arrumar o seu quarto quando voltar, anda vem cá me dá um beijo!
- Tá, mãe.
São 10:50h e o sol não está tão forte. Coloco a minha havaianas e pego a minha bola quase descascada, já que me falta uma chuteira do Messi e uma bola do Brasileirão, mas quem liga? Aqui nós joga descalço e tudo valendo um refrigerante bem gelado do bar do Alceu, tem coisa melhor?
- Ae Marquinho, essa tua blusa do Flamengo falsificada hahaha.
Luquinha insistia em dizer que a minha blusa era falsificada, mal sabia ele que meu pai comprou lá no shopping da zona sul, tem até a marca de original.
- Falsificada nada, seu vacilão. Meu pai comprou na zona sul. Bora jogar logo! Eu quero ímpar!
Escolhi o Feijão e o Gordinho para o meu time. Luquinha ficou com o Thomás e o Bruninho. A minha blusa do Flamengo me fazia parecer o Diego, fazia até gols semelhante.
Estava 3 a 3, empatado. Meu time precisava desempatar! Escuto de longe um barulho, mas estava tão concentrado que ignorei e decidi seguir.
Eu corri tanto que comecei sentir uma dor no peito do nada, não conseguia nem correr mais. Desisto de jogar.
Lá de longe vejo a minha chegando na quadra gritando o meu nome e indo em direção ao gol, lá estavam os meus amigos e umas pessoas que eu nunca vi na vida. Todo mundo em círculo, parecia uma reunião.
Sem entender, vou lá ver o que estava acontecendo, minha mãe estava no centro do círculo. Gordinho e Bruninho só choravam, chego mais perto e minha mãe está segurando um garoto muito parecido comigo, era eu. O vermelho que estava no meu peito não era da blusa do Flamengo.
Era fim o fim jogo.