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#Opinião: Aborto

Como vocês já sabem, me chamo Monique, tenho 25 anos, sou psicóloga e escrevo artigos de opinião aqui no Voz da Comunidade. O que vocês não sabem é que, com 16 anos eu engravidei e hoje tenho um filho de 7 anos. Hoje entro no facebook e sou bombardeada por notícias, lutas, estudos científicos e tudo mais sobre o aborto. Depois que o Supremo Tribunal Federal afirmou nessa terça-feira (29) que aborto nos três primeiros meses de gestação não é crime, foi dada a largada!

Aos 16 anos eu estava no 1° ano do ensino médio de um colégio particular da zona sul do Rio de Janeiro, estudava pela manhã e a tarde fazia curso técnico. O colégio em que estudava é bem conhecido pelo ensino de qualidade, todos os alunos que terminam logo ingressam na faculdade. Pois bem, no primeiro semestre daquele novo lugar descobri que estava grávida. A cabeça gira, o estômago embrulha e os pés não tocam o chão. Não foi fácil encarar os pais que já possuem uma vida traçada para você. Uma pessoa na época comentou sobre aborto, mas possuo minhas crenças religiosas e não sou a favor do aborto no MEU corpo.

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A escola em que estudava achou melhor eu me retirar, não seria bom para a imagem de um ensino de excelência. Mudei de escola no meio do ano, frequentei as aulas até uma semana antes do meu filho nascer e só parei pois era carnaval. Quando ele nasceu tive 3 meses de licença como manda a lei, ia na escola pegar deveres e fazer em casa, não repeti de ano. Quando voltei para a escola, meu filho ficou em uma creche perto da onde eu estudava, na hora do intervalo eu corria até a creche para amamentar. Era uma rotina da escola para ser mãe, de ser mãe para a escola. As sextas todo mundo gostava de sair, muitas vezes não pude ir.

Essa rotina se manteve até o 4° período da faculdade, depois meu filho foi morar com o pai para que eu pudesse organizar melhor a minha vida. Hoje, cheguei onde estou porque tive pessoas do meu lado. Meu filho não passou fome, tem um desenvolvimento normal, tem amor, tem cuidado e uma família enorme que acolhe ele sempre. E se na época eu tivesse escolhido fazer um aborto, tenho certeza que sofreria pouquíssimos riscos em uma dessas clínicas da zona sul.

Tudo isso foi possível devido as minhas condições, minha família. Nem todos possuem apoio ou dinheiro suficiente para correr menos riscos durante um aborto. Eu sou a favor do aborto independente da minha crença e da forma como escolhi viver. Eu sou a favor da saúde de qualidade para todos, eu sou a favor da democracia e que cada mulher mande no seu corpo e na sua vida.

AUTOR:

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Esta coluna é de responsabilidade de seus atores e nenhuma opinião se refere à deste jornal.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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