Final de semestre para um universitário lotado de afazeres é um período complicado. Você deseja se repartir em dois, três ou quatro; no numero suficiente para que seus deveres possam ser cumpridos com sucesso.
Além dos deveres, há a família. Acima de tudo e de todos, minha família significa muito para mim. E busco o máximo estar presente nas vidas dos meus familiares. Principalmente na vida dos meus avôs. Estes são especiais pelo fator da idade e por ser uma extensão do que meus amados pais são.
Sábado. Dia ensolarado na minha cidade. Ligo para minha avó com o intuito de aliviar a saudade por ela. Apesar da pequena distância da minha cidade para a dela, faz um bom tempo que não visito o local. Minha avó atende com alegria e iniciamos a nossa amistosa conversa. Em determinado ponto, ela pede para contar um fato curioso que ocorreu consigo. Na noite anterior havia acontecido a tradicional quadrilha das festas juninas de uma escola local. Minha irmã pequena dançaria. Minha avó me conta que ao ver minha irmã dançar, ele teve uma espécie de visão do passado. Frente aos seus olhos ela me assistiu dançar quadrilha com minha antiga parceira, assim como meu primo com a antiga parceira dele e minha outra irmã também nas mesmas condições. Todos crianças; todos de épocas diferentes, mas naquele momento, juntos no mesmo salão. Minha amada avozinha disse ainda que seu coração se apertou de saudades daquela época em que éramos pequenos e no seu interior, assim ela transcreveu, chorou aos cântaros pelo seu saudosismo.
Eu pedi que ela não ficasse triste. Ressaltei que foi uma época boa, morávamos perto um do outro, mas eu precisei sair por causa dos estudos. E que apesar disso eu nunca iria deixá-la. Mesmo estando longe, eu estaria de alguma forma perto dela. Minha avozinha se conformou com minhas palavras. Afirmou mais uma vez que me amava (“Eu te amo também, avozinha”) e se despediu de mim, dizendo que iria visitar uma amiga.
Desliguei o telefone. Uma sensação estranha assomou meu espírito. Não sei por que, sai de casa naquele momento. O sol estava se despedindo do dia. Um céu alaranjado, tal como as aquarelas de um pintor, se desenhava a minha frente. Eu me lembrava da nostalgia da minha avó. Lembrava de sua saudade. Essa lembrança fez com que meu coração aceitasse aquela nostalgia como minhas. Estaria eu realmente com saudades? Sim, estaria. Memórias servem para te lembrar de um tempo inalcançável materialmente. Mas nunca psicologicamente. Eu poderia viver aquela época, mas na minha mente, em um momento de saudades. Poderia ser aquele momento, afinal eu estava desocupado. Meus deveres estavam prontos e completos. Eu poderia me dispor naquele momento para relembrar os velhos tempos.
E o sol, ao longe, se despedia do mundo…