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Idas e vindas públicas

Certo dia, circulando pela cidade de João Pessoa em uma linha de ônibus urbana bem movimentada, posso dizer que a principal da cidade pois tem trajetos que cortam vários bairros. Entro no coletivo, e ainda existia assentos e os preferenciais ainda vagos e antes que passasse pela roleta comprimento com um boa tarde o condutor e cobrador e ouço um “Boa tarde” retribuído do cobrador – algo estranho que por incrível que pareça, aqui eles não tem o costume de responder uma gentileza dessas, é algo “normal” não ter resposta – após me dirijo a uma cadeira qualquer e percebo que ele está sempre tendo o cuidado de responder a todos da mesma forma e sempre pedindo para o condutor esperar um pouco mais para que os passageiros subam ou desçam do coletivo.

Como era quase no fim da tarde e tinha um protesto marcado em uma avenida principal onde passava essa linha, ele avisa aos demais em voz alta que iria demorar para chegar ao ponto final (onde encontra-se a rodoviária). Durante isso, gestantes, mães com bebês de colo e idosos começam a preencher o coletivo. Cada um que entra, ele pede para que alguém no já transporte, ceda o lugar aos preferenciais para que o coletivo possa seguir. Assim ele vai durante todo o resto do percurso. Olhando aquele caos que ônibus estava se tornando pois não havia mais espaços vagos para locomoção e ele com todo o cuidado para assegurar que os que necessitavam viajassem tranquilamente me fez refletir bastante.

Não só pelo fato de que ele demonstrava uma grande diferença da maioria, mas também a preocupação para garantir mesmo que em horário de pico uma organização ao meio do caos me trouxe esperança. Observando o gesto e percebendo o que acontece em nossa política, economia e sociedade no geral com uma onda que não se parece em nada uma “marolinha” me sinto ainda que pouco, confortado em saber que podem haver pessoas que conseguem fazer um bom trabalho ao meio de tudo isso, essas sim me representam.

AUTOR:

Jandesson_antero_colunistafixo

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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