Outro dia na faculdade, em uma roda de amigos, me perguntaram se eu podia ser gay no meu bairro e isso me assustou. Na verdade, procurei em meus pensamentos quais seriam os lugares em que eu realmente poderia ser eu. Se eu pago minha água e minha luz, seja aqui ou na China, porque eu não poderia ser eu mesmo? Pensei tanto e não cheguei a lugar algum, e sabe porquê? Porque eu sou eu em qualquer lugar, em qualquer circunstância. Voltemos então ao grupo de amigos. Respondi perguntando porque eu não deveria ser eu, e não respondi o porquê ser.
Me disseram que na favela existe muito preconceito e falta de respeito. Mas espera aí! Eu moro no mesmo lugar há 23 anos e nunca me faltaram com respeito. E sabe porquê? Porque eu construí o meu respeito desde que sou gente, e sempre respeitei o outro na sua individualidade como ser humano.
Ué, então eu estou dizendo que se eu imponho respeito e mostro que sou igual a todo mundo, as pessoas vão me respeitar? Sim. Não peço que ninguém me aceite, apenas me respeite como eu sou. Independente da minha raça, orientação sexual ou nível social. Eu consigo sentar e conversar em uma mesa com garis, professores, políticos ou em uma mesa com jogadores de futebol.
Eu também tenho características com todas as pessoas, eu também pago minhas contas, luto em busca dos meus sonhos e batalho na vida. É por isso que não vou deixar que me desrespeitem ou me desmoralizem por um simples capricho, eu também tenho um coração que bate em meu peito como qualquer um.
Talvez eu tenha que entender que nem todo mundo luta pelo respeito e que alguns ainda desrespeitam o diferente. Mas, eu não abaixo a cabeça para o outro que me descrimina apenas por capricho, seja ele quem for.
Então, tenham a consciência que na favela, antes de qualquer coisa, moram seres humanos!
Me chamo Luís Martins, tenho 23 anos, sou estudante de Psicologia da Universidade Padre Anchieta, em Jundiaí – SP. Moro no Jardim Fepasa, uma periferia de Jundiai.
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