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Piada de Preto – Por: Alice Rodrigues

Escrito por: Alice Rodrigues
Estudante de Publicidade e Propaganda.

Piada de Preto

Em um grupo de amigos no WhatsApp, surge um comentário sobre futebol: “Gooool do Mengooo! Aee!” “Ooou! Sem ‘negrisse’, por favor…” “Racismo aqui?” “Sem ‘negrisse’ por favor!”, repetiu.

Inicia-se a discussão onde o agressor verbal acha que “brincadeira de preto” não deve ser levada a sério, e se desculpa com essas palavras: “Na moral mesmo… Vou te pedir desculpas mas não sei nem porque estou te pedindo, só não quero mais que brinque comigo… Se não aceita piada de preto, não quero que brinque comigo de nada também… Acho que a piada tem que ser bem recebida até quando falam ‘mal’ de você, na minha opinião essa que é a graça da piada. Já que você ficou ofendida com a piada de preto, saiba que outros ficam ofendidos com algumas piadas que você faz, porém, não veem necessidade em fazer nenhuma polêmica. Como ficou bem notório que você queria uma, eu deixo claro que não vou fazer nenhuma brincadeira com você e espero que seja recíproco.”

Pois bem, eu com 18 anos, negra, favelada sendo recebida assim nas primeiras semanas de faculdade. Esse tipo de pensamento racista, a partir do qual acham que tenho que aceitar calada brincadeiras relacionadas a negros, mesmo que eu fosse indiana, asiáca, branca… é totalmente inaceitável. Alguns se acham superiores aos outros, graças ao domínio (em geral capital) que têm no meio em que vivem, usando essa justificava que apareceu na escravidão, quando os negros trabalhavam em condições precárias e eram vendidos como objetos.

Com tudo isso já ocorrido, dá para imaginar porque o racismo faz parte da história, e como grupos sofrem até hoje. Embora no Brasil haja uma forte mistura de raças, a evidência de fatos racistas podem até não ser claros para alguns, mas ainda existem, sim. Às vezes, ocorrendo de forma sul como nas piadas, xingamentos ou simplesmente ao se evitar contato sico.

As pessoas também devem entender a diferença entre raça e etnia, embora estas possam ser vistas como sinônimos. Raça engloba as características físicas, tais como tonalidade de pele, formação de crânio e do rosto e tipo de cabelo. Etnia vai além das características físicas da pessoa. Ela inclui a cultura, nacionalidade, afiliação tribal, religião, língua e tradições. Então, não podemos apontar negros como todos sendo integrantes do candomblé (religião originada na África) só porque são negros.

Acho justo e necessário a galera assumir sua identidade, amando seu tom de pele, seu cabelo crespo, sua boca carnuda, honrando sua religião… Vamos nos aceitar primeiro antes de cobrar dos outros, vamos fazer uma diferença dentro de nós. Vamos nos amar mais. Porque é em nós que o chicote bate primeiro.

Chega dos nossos negros levando duras por serem suspeitos de crimes. Chega de nossos negros não conseguindo trabalhos justos.

Chega, né?

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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