Mais uma edição do Fala Favela, debate promovido pelo Voz das Comunidade, aconteceu na noite da última terça-feira (25), no Espaço Democrático de União, Convivência, Aprendizagem e Prevenção (Educap) na Canitar. Nesta edição, o evento trouxe para discussão um tema social muito importe: A saúde da população LGBTQIAP+
O atendimento nos postos de saúde foi um das principais abordagens da conversa que reuniu a produtora cultural Quitta Pinheiro, a fundadora do Grupo Conexão G, Gilmara Cunha e a médica de Saúde da Família, Jade Almawy. A desumanização da população trans e travesti reforça a LGBTfobia Institucional e a violência contra essa parcela da população é naturalizada na sociedade. Uma das violências que mais acontecem, por exemplo, é o desrespeito ao nome social.
Embora documentos e sistemas tenham a opção da inserção do nome social, ainda acontecem situações de constrangimento como chamar o “nome morto”, ou seja, o nome que não é mais usado por uma pessoa trans. Gilmara Cunha diz que ainda falta muito para chegar no ideal de atendimento público e que os esforços requerem a vontade de aprender.
A médica Jade Almawy, explica que embora se esforce para levar um atendimento inclusivo na unidade de saúde em que trabalha, ainda percebe uma resistência dos próprios funcionários. E lamenta. “A faculdade de medicina dura seis anos. Nesse período, a gente nunca falou sobre a saúde da população LGBT, de negros, e de pessoas em situação de rua”. A médica, que é formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explicou que os debates ainda precisam ser intensificados nas instituições de ensino.
Quitta Pinheiro pontua que hoje a população trans e travesti está ocupando espaços políticos de decisão, e acredita que isto fará a diferença para o atendimento na saúde pública. “Quanto mais a gente ganha força, mais a gente tira muita coisa [obrigações] dos ombros de ativistas que não conseguem alcançar”.