Segundo pesquisa do SEBRAE em conjunto com a Global Entrepreneurship Monitor/2020, trinta milhões de brasileiras são empreendedoras. O endereço de três dessas responsáveis pelo próprio negócio é a favela do Vidigal. Wanise Soares, fisioterapeuta, Verônica Dutra, doceira, e Cristiane Brito, manicure, são sócias em um charmoso estabelecimento no morro, que une as atividades do trio de amigas.
Cada uma já atuava em sua área de forma individual há anos. Wanise e Verônica faziam de suas casas um local também de trabalho. Já Cristiane, atendia em salões da zona sul. Com o nascimento de sua filha caçula, a manicure decidiu abandonar o emprego formal e abrir o próprio negócio para que tivesse autonomia no horário. Já as duas amigas viam a necessidade de separar a vida doméstica da profissional.
Com o objetivo de diminuir gastos com aluguel e as demais despesas de manutenção, as três decidiram criar um espaço que funcionasse como ateliê de unha (Nails Designer), café (Flor de Baunilha) e academia de pilates (Energia do Corpo). Cada uma é responsável pelo seu negócio; os gastos comuns são divididos.
De acordo com o Outdoor Social Inteligência, em 2022, ano de inauguração do empreendimento, os segmentos em que duas delas atuam estavam entre os mais desenvolvidos em favelas: alimentos 16,9% e beleza 12,6%. Embora não esteja na lista de serviços mais comuns, as aulas de pilates são bastante concorridas.
Empreendedorismo em favela garante renda, afirma os laços comunitários e movimenta a economia local. Quando o empreendimento é liderado por mulheres, fortalece o protagonismo feminino na economia e age na construção de uma sociedade menos machista.
Texto: Barbara Nascimento | Fotos: Igor Albuquerque
Matéria disponível no jornal impresso da edição de março de 2023