Samba no pé e carisma são quesitos para reinar à frente do coração de uma escola. A faixa de rainha de bateria é muito disputada entre as celebridades e um sonho para as meninas que desfilam desde a infância. Em algumas agremiações, as passistas crias da comunidade são as escolhidas para assumir esse posto.
Neste Carnaval, das 12 escolas de samba do Grupo Especial, seis vão desfilar com rainhas que são crias de comunidades e uma delas é a Imperatriz Leopoldinense. Moradora do Complexo do Alemão, Maria Mariá estreia como rainha à frente da Swing da Leopoldina. A jovem confessa que foi pega de surpresa com o convite, mas afirma estar realizando um sonho aos 20 anos de idade.
A Acadêmicos do Vidigal, escola do Grupo 1, também escolheu uma “rainha raiz”. Nascida e criada na favela da Zona Sul, Jaqueline Sales, 49 anos, cresceu desfilando na verde e branca, já foi diretora da ala das passistas e da ala das crianças. Este ano, ela foi convidada para ser rainha de bateria e encara os comentários preconceituosos sambando na cara da sociedade.
“Pra mim ser rainha de bateria não tem que ter um corpo perfeito, a pessoa precisa representar sua agremiação e ter o samba no pé. Isso eu posso falar com todas as letras, eu tenho. Não sou siliconada, mas em samba no pé eu me garanto”, afirma.
As sambistas ressaltam a responsabilidade de representar a comunidade e de se tornar inspiração. Para a nova geração que está começando no mundo do samba e passistas que sonham ser rainha, Maria e Jaqueline enfatizam que é importante correr atrás dos objetivos e acreditar. “A gente pode se inspirar em casos reais, ser exemplo para quem vier e respeitar quem veio antes para que isso pudesse acontecer. Nada é impossível, é só não deixar de crer nas possibilidades da vida”, diz Maria.
Reportagem produzida para o jornal impresso do Voz das Comunidades
Texto: Amanda Botelho | Fotos: Selma Souza