A Constituição de 1988 fez ao povo brasileiro um rol de promessas que, por uma série de motivos, o governo nunca conseguiu cumprir. Saúde para todos ainda é uma música distante que nunca verdadeiramente tocou, e a educação pública, além de não estar disponível para a população inteira, simplesmente não consegue ser competitiva. Diante da constatação da incapacidade governamental de resolução desses problemas, ainda que assegurados constitucionalmente, no setor privado pode residir a solução para muitas das questões sociais brasileiras.
O empreendedorismo social, termo que define iniciativas que promovem impacto social em áreas como educação, saúde e moradia, ao mesmo tempo em que proporcionam lucro para as empresas envolvidas, já é um negócio multimilionário no país. A população, também, só tem a ganhar com esses projetos: eles dão conta, basicamente, de suprir o vácuo de ação de governamental nas áreas mencionadas, a preços bastante acessíveis.
É o caso do Dr. Consulta, em São Paulo. Tendo, como lema, “consultas e exames para todos”, a empresa, que já conta com 12 centros médicos na capital paulista, oferece, a preços justos e padrão de excelência, consultas em mais de 30 especialidades médicas, além de vários tipos de exames. Segundo o proprietário, o tempo médio de um paciente nas unidades, desde o momento em que entra até o pós-consulta, é de apenas 50 minutos. Um serviço como o poder público jamais ofereceu, e talvez jamais seja capaz de oferecer.
O Programa Vivenda, por sua vez, segundo a definição de um de seus sócios, se propõe a ser “o Minha Casa, Minha Vida das reformas”. Ele faz reformas, no valor de até 5 mil reais, para quem realmente precisa. Boa parte do valor da obra é bancado por ONGs parceiras, de modo que resta ao proprietário apenas uma fração do pagamento, que pode ser amortizado a prazo em parcelas bastante suaves. De acordo com números do site da empresa, já foram realizadas até hoje 210 reformas, atendendo 808 pessoas, com um tempo médio de duração de obra de 6 dias. Mais uma vez, vem à tona a qualidade do serviço: a reforma tem, de fato, começo, meio e fim; o serviço é realmente bem concluído. A sede do empreendimento fica no bairro Jardim Ibirapuera, em São Paulo, que é também o único atendido, por ora, pela iniciativa.
Talvez nessa proximidade esteja a chave da questão: a Vivenda é instalada imersa na comunidade que pretende atender. Dessa forma, os sócios conseguem entender bem a situação e as necessidades reais de seus clientes, de modo a se planejarem para melhor atendê-las. Além disso, a necessidade do lucro traz à tona a busca por excelência e por melhoria contínua do negócio: quanto mais clientes satisfeitos, mais clientes novos virão indicados por eles, e, desse modo, a receita aumenta. Uma vez sendo conhecida a real necessidade do cliente, a empresa pode se armar para atacá-la diretamente.
Um burocrata governamental, de dentro de seu gabinete, dificilmente tem os recursos ou mesmo a motivação para tal. Além da distância dificultar a percepção da situação e dos pontos a atacar, todo o processo burocrático e moroso inerente à administração pública torna muito mais difícil a mudança de rumo caso a percepção de fato exista. O setor privado é mais dinâmico, mais eficiente, é ávido por soluções. É feito por pessoas que vivem de resultados: as coisas precisam dar certo; as soluções precisam funcionar. Seu sucesso depende diretamente disso.
No caso da Vivenda, por exemplo, primeiro foi realizada uma pesquisa de mercado, que, como resultado, mostrou que os pontos mais críticos nas reformas eram o planejamento, a qualidade do material, a mão-de-obra e a forma de pagamento. Com base nos dados dessa pesquisa de mercado, então, a empresa pôde desenvolver uma solução completa, rápida, e não burocrática para o problema, contemplando os pontos mencionados. Desse modo, o cliente consegue ter, num prazo máximo de 15 dias, seu projeto elaborado e sua reforma pronta.
À luz de iniciativas como o Dr. Consulta e o Programa Vivenda, a ineficiência governamental fica clara. Ao poder público, é verdade, faltam ainda boas intenções. Mas, além disso, mais grave é a constatação de que lhe falta competência para solucionar os problemas sociais, mesmo que as boas intenções existam. E as necessidades da população não podem esperar: todo mundo quer, precisa e merece ter saúde, educação e moradia de qualidade. É por isso que, talvez, a solução imediata para muitos dos problemas brasileiros esteja no setor privado, em iniciativas de impacto social.
SOBRE O AUTOR:
Sou o José Octávio, de Maceió, Alagoas, tenho 21 anos e estudo Engenharia Civil na Universidade Federal de Alagoas. Faço muita coisa, tenho muitos sonhos e luto para realizar cada um. Entre eles, o de transformar o Brasil por meio da informação.