Questão de mobilidade urbana é um ponto que afeta diretamente as comunidades do Rio de Janeiro. O próprio Voz das Comunidades já falou sobre problemas que assombram o Complexo do Alemão, Penha e até a Cidade de Deus. Mas um projeto chamado Geração que Move procura mudar realidades de transportes das favelas através das próprias pessoas que moram nelas.
Rebecca Barbosa tem 17 anos e é moradora do Complexo do Alemão. De segunda a sexta-feira, por volta das 6h30 da manhã, ela pega uma kombi e, na sequência, um ônibus para ir até à escola, onde passa o dia. Mesmo com as regras tarifárias para os estudantes para uso do transporte público, o benefício não inclui o transporte da kombi, que não é regulamentada pelo município, mas se consolida como uma das principais formas de locomoção dentro das comunidades, junto com o mototáxi. Já do lado de fora do bairro, os ônibus, geralmente, vêm lotados, além de problemas de atraso e precariedade de carroceria.
Com o gasto de pelo menos R$200,00 por mês só com as passagens da kombi no trajeto até à escola, os finais de semana conseguem ser mais dificultosos para a adolescente. Rebecca não pode contar o subsídio da prefeitura e realizar algum passeio na cidade fica bem mais complicado. Porém, depois que entrou para o Geração que Move, a estudante percebeu o quanto a falta de acesso ao transporte público nas comunidades nos finais de semana afeta diretamente na falta do alcance do aprendizado cultural urbano. “Aprendi que, por causa das dificuldades de mobilidade, a favela fica privada de cultura”.
Em um passeio promovido pelo Geração que Move, Rebecca conheceu a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, localizada dentro do Palácio Pedro Ernesto. Lá, a estudante ficou encantada com as obras e arquitetura do local. “O tour foi surreal, adoro arquitetura antiga! E na hora do debate público sobre mobilidade com as vereadoras, fiquei muito interessada na análise interseccional da questão. Quero continuar defendendo essa abordagem para todas as pautas em que me envolver”.
O Geração que Move é uma ação social promovida pela UNICEF e a ONG NOSSAS, que objetiva transformar a realidade de crianças e jovens no engajamento da agenda da mobilidade urbana em suas cidades. A iniciativa está formando cerca de 100 novos ativistas em São Paulo e Rio de Janeiro para visitar e promover o debate da mobilidade urbana em relação a locais de preservação histórica e validade cultural.
As campanhas do projeto já começaram e algumas já estão disponíveis. Entre elas, no Rio de Janeiro, MobiliTEA, Maína, Cadê minha linha?, Passe livre intermunicipal já! e Pedalando para o futuro.