Phellipe Azevedo, de 37 anos, vive um grande momento em sua carreira. Cria da Manilha, no conjunto de favelas do Caju, zona portuária do Rio, o ator está em duas produções da Netflix: a segunda temporada de ‘DNA do Crime‘ e a nova série ‘Os Donos do Jogo’, ambas dirigidas por Heitor Dhalia. Mas seu talento vai além das câmeras, ele também é um nome forte no empreendedorismo criativo das favelas cariocas.
Ao lado da esposa, a estilista Renata Alves, cria do Morro da Providência e quarta geração de costureiras da família, Phellipe fundou a ‘Recusa‘, uma marca de roupas agênero que carrega as histórias do casal, sua relação com o território e com o fazer artesanal.
“Nosso compromisso na ‘Recusa’ é transformar essa lógica: valorizar quem faz, respeitar o tempo da criação e colocar a escuta no centro de tudo”, destaca o ator.
A marca, que já vestiu nomes como Lázaro Ramos, Maeve Jinkings e Enrique Diaz, também está presente em produções como ‘Ó Paí, Ó 2‘ e o premiado ‘Kasa Branca‘, de Luciano Vidigal. Em 2023, a Recusa concretizou um grande sonho: a criação do projeto ZEZABEL, uma escola livre de moda voltada para a formação de mulheres negras e faveladas na cadeia produtiva do setor.
“Renata, à frente da Recusa, é quem pensa cada detalhe com muito rigor, da escolha dos tecidos à costura precisa e elegante de cada peça. Essa parceria me levou a empreender com consciência, entendendo que fazer moda é também construir um processo coletivo e cuidadoso”, afirma Phellipe, que critica o glamour excessivo da moda e a invisibilidade das costureiras.

Além do sucesso nas passarelas e nos streamings, Phellipe também atua como educador e produtor cultural. Formado pela UNIRIO e mestre pela UFRJ, ele já foi sócio da Cia Marginal e cofundador do Coletivo Arame Farpado. Seu documentário mais recente, ‘Bando A apresenta o lado B do Grande Sertão‘, é um desdobramento do longa ‘Grande Sertão‘, dos diretores Guel Arraes e Flávia Lacerda.