O OlodumBaiana se apresentou neste domingo no Rock in Rio. Durante a apresentação, um vídeo foi exibido pela banda que mostrava Sasa, a figura feminina do Saci Pererê e o personagem Máquina de Louco foi gravado no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, dias antes da apresentação. E o Voz das Comunidades estava lá e conferiu tudo de pertinho.
A gravação do vídeo contou com a participação de alguns integrantes do Olodum e também, com elementos e integrantes do BaianaSystem e mostrou os símbolos da cultura e musicalidade baiana.
A escolha do lugar da gravação foi pensada e estruturada para passar a narrativa da realidade que faça a conexão entre Bahia e Rio de Janeiro. “A escolha de estar aqui e a felicidade de estar aqui nesse lugar é porque o OlodumBaiana parte do princípio do tambor. E o Olodum, estar aqui com o Beto e o Vandal,. O Pelourinho [ bairro de Salvador] é um celeiro, é um centro, onde se junta toda essa força, toda essa característica que a gente fala que é de luta, de resistência”, afirma Russo Passapusso, cantor do BaianaSystem.
A música Batukerê – Toda Fé de Salvador dá caminhos para o quinto álbum e nas palavras de Russo. “Batukerê é uma energia que circunda o disco todo. A frase [o mundo dá voltas], pois é um disco da gente que ganhou o Grammy, isso acaba trazendo pra gente um pouco de sentido premonitório de proteção”, revela Russo.
“O grande lance é a colocação do povo negro nestes espaços, a forma como a música é esse grande viés de fuga de todas as mazelas que acometem a gente, esse lance portuário, do mar, entende-se melhor o mundo. Eu acredito que essas similaridades [de favelas cariocas e soteropolitanas] de pessoas que vivem isso, bebem, soam, sangram, experimentam isso”, complementa Vandal de Verdade.
A polêmica proibição das máscaras do BaianaSystem no Rock in Rio: a principal característica do movimento
A segurança do Rock in Rio proíbe o uso de máscaras distribuídas pelo BaianaSystem. Para Passapuso, o público sempre encontra uma alternativa de acompanhar e se expressar durante o show. “Aí o cara pega uma camisa, bota, aí o outro bota no sei o quê, aí vai com a camisa que vira isso e a gente vê que a galera está ressignificando a todo momento”, brinca Passapuso.
A identidade e o elo que o público produz junto ao BaianaSystem mostra a importância da cultura popular. “A máscara é uma expressão popular muito forte. Quando a gente chega em eventos, que por qualquer motivo, isso impossibilita a expressão popular. Eu acho que isso já está notório, porque a gente não tem outra justificativa em relação a isso, outro papo em relação a isso, sendo faz parte da expressão musical do Brasil”, esclarece Russo, vocalista do BaianaSystem.
OlodumBaiana
OlodumBaiana é uma marca que nasce bebendo da fonte dos tambores do Olodum e da guitarra baiana e nervosa do BaianaSystem em uma mistura revolucionária de como mostrar a baianidade: “A semelhança é a mesma, 90% dos músicos do Olodum, vem de comunidades como essa [Alemão]. Esse projeto OlodumBaiana começou há quase dois anos, um projeto que eu acredito que ainda vai rodar o mundo”, conta o artista conhecido como o Grande, integrante do Olodum há 38 anos.
Roberto Barreto, integrante e fundador do OlodumBaiana, explicou que o Olodum é uma referência ampla em muitos sentidos pelo que representa. “Desde o início foi pensado como um show único, onde as músicas se completavam ali, a gente entendeu que histórias as músicas conseguiam contar. E isso, foi uma unidade que a gente conseguiu desde a primeira vez”.
Confira fotos do show do OlodumBaiana no Rock in Rio: