“Vai tomando”: DJ Swag do Complexo acaba de lançar seu primeiro EP e conta sua trajetória no mundo artístico

Dono do hit "Eu Já Sentei pro Seu Marido" e fortemente influenciado pelo tambor de conga, ele traz variedade em seus sons
DJ Swag do CPX lança o EP "Vai Tomando". Foto: Natália de Deus | Voz das Comunidades

Produtor e diretor musical, dançarino, CEO da Ainda LABEL, DJ e diretor de palco, estou falando de ninguém menos que o DJ Swag do CPX. O artista de 24 anos, cria da Central, localidade dentro do Complexo do Alemão, se intitula “sou herói“, mostrando sua potência musical e seu fascínio por animes. E não para por aí, na última terça-feira, dia 17 de junho, ganhou vida seu EP Vai Tomando In House #5, à convite da Sony Music Brasil. Ele comemora. “Esse ano tá quente” e acrescenta: “O funk tem a essência no gingado e no tambor.”

O EP traz 7 faixas, só feat bolado, com nomes de peso da cena do funk, são eles: DJ Ramom; MC GW; MC Saci; Mc Larissa; Tchalla e MC Naninha. Swag traz a imersão no melhor do funk carioca, numa pegada experimental, onde as produções se conectam com diferentes elementos, misturando referências e gastando a onda, principalmente com os visuais.

https://open.spotify.com/intl-pt/album/50idudCSBtDqGKi4chP1tT?si=gUYEHf69S767Ghzl0wm8qQ

Miguel Rocha é o DJ Swag do CPX. Vindo de uma família com fortes influências artísticas, sua mãe dançava e parou quando engravidou dele. A ancestralidade dentro do universo artístico aproximou o Swag da danças urbanas em 2015, através do Street Flow, coletivo de arte de rua do Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. Em 2018, começa sua história com a música underground, a famosa eletrônica. Não sonhava em ser DJ, mas aconteceu. A dança e música se entrelaçam não apenas nas formas de se expressar, mas também em seu nome artístico. Swag é seu vulgo de dançarino e o CPX nasce junto ao DJ.

Foi na curiosidade mesmo que ele começou a se jogar nos apps de DJ que rolavam na época. Ficava no notebook, estudando e testando uns sons, e aí foi mergulhando de vez no funk incorporando vários elementos. Cresceu ouvindo DJ Rennan da Penha, direto do baile que rolava em frente à casa dele, lá por 2012 e 2013. Como também dançava, foi pegando cada vez mais melhorando sua percepção musical com os diferentes ritmos, principalmente o afrobeat e o afrohouse. Além disso, ele aprendeu muito com o parceiro JP Black, DJ nas batalhas da Cypher Mil Grau, um dos grandes incentivadores, que também abriu espaço para que ele explorasse e se aventurasse nos eventos. Já se destacava na hora de escolher as músicas, tanto nas festas quanto nas resenhas com os amigos. Ele destaca: “O DJ, além de ser um select, é quem faz a pista acontecer.”

Ele foi um dos primeiros artistas a participar do Estude o Funk. A partir dessa experiência, conheceu muita gente com quem trabalha até hoje e conseguiu movimentar diversos projetos. Para ele, foi essencial estar presente nesses processos e entender como tudo funciona nos bastidores. “Muito da hora também cada vez mais projetar tudo que eu aprendi a construir, dentro dessa pista mesmo de fato e da forma”, conta Swag.

O artista diz sobre sua vontade de estudar musicoterapia, e afirma: “O que eu faço é ciência, tem irmão meu que chega para mim na festa, e fala que eu salvei ele. A música tem grande responsabilidade, as pessoas estão lá pra viver o momento e ter o melhor set da vida delas.”

Produção musical e o público LGBTQIAPN+

DJ Swag recorda o momento em que escolheu se dedicar ao funk. “Acho que vou começar por essa parada do funk de fato”, conta. Começou a explorar o SD Pro, um programa popular entre os produtores de funk, bastante utilizado até hoje na cena. Ele comenta que “é maneirinho”. Nesse momento, deu start à sua trajetória como produtor, mergulhando de vez no universo do funk.

Swag destacou que, na época da pandemia, iniciou uma troca e formou parceria com o produtor Alan Sá, que vinha do rock e do pop, enquanto ele era mais voltado para o funk. Juntos, começaram a mesclar de forma mais profunda seus estilos, o que fez com que a qualidade musical deles atigisse um nível muito absurdo.

Swag passou a estudar outros gêneros, como Drum and Bass, UK Garage, house e diversas referências europeias, buscando incorporar esses elementos para tornar a música mais dinâmica e versátil. Segundo ele, na Zona Norte do Rio, os dois se tornaram grandes produtores musicais e colocaram hits nas pistas durante a pandemia, movimentaram uma grana.

O artista afirma sobre a versatilidade musical dentro do movimento LGBT+: “é muito gostoso produzir pessoas da comunidade LGBT+ porque sempre trazem elementos diferentes, a cada semana a gente produz uma música diferente. Do nada, eu estava aqui produzindo um Reggatoon, daqui a pouco, um Brega Funk, outra hora, um Funk 150BPM, e sai um House e entra referência de Rihanna e cai num R&b.” Ele sempre se conectou com produtores que tinham a dinâmica de não se prender a um único estilo, transitando por diferentes ritmos musicais. Essa vivência foi extremamente enriquecedora e lhe proporcionou muito aprendizado. Com o tempo, ao perceber a importância que tinha como referência, tanto como DJ quanto como produtor dentro do Complexo do Alemão.

Ainda Label

“Agora, a gente tá fazendo a parada de forma ativa para poder fazer acontecer. E se tudo der certo, no ano de 2026, a gente vai estar com um selo totalmente estruturado e funcionando 200%”, revela o CEO do selo musical. A Ainda Label nasceu da iniciativa de fortalecer e impulsionar artistas independentes dentro do Complexo do Alemão. O projeto começou em 2021, com o objetivo de entender na prática como funciona o mercado, e foi ganhando forma e se profissionalizar ao longo dos anos, especialmente a partir de 2023.

DJ Swag do CPX, CEO do selo, foi para a pista estudar, se capacitar e entender de fato como o business musical funciona. Em 2022, participou de uma iniciativa da Sony Music focada no mercado da música, que garantiu acesso ao curso de Music Business na PUC, onde se formou, junto com outros três menor que são da comunidade.

Os resultados são incríveis. A Ainda Label segue em movimento, com músicas sendo lançadas e um portfólio artístico cada vez mais consistente. Eles destacam que 2022 foi o ano dos testes, muitos lançamentos, soltaram muita música, aprenderam na prática: e agora é outro papo, visão profissional.

Compartilhe este post com seus amigos

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp

EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

Contato:
[email protected]