Projeto social de educação inclusiva impacta vidas há 12 anos em Campo Grande   

ONG democratiza o acesso à educação, arte e cultura na Zona Oeste do Rio de Janeiro
Foto: Uendell Vinicius / Voz das Comunidades

“OÁSIS É MEU REFÚGIO! É o lugar que eu venho para estudar, brincar e fazer amigos”, conta Lauren Siqueira, de 11 anos, que faz parte da ONG há sete anos e é aluna de cinco cursos oferecidos: libras, crochê, reforço escolar, arte e teatro. O objetivo do projeto social é democratizar o acesso à educação, à arte e à cultura, possibilitando que haja alfabetização de idosos, autistas, pessoas com síndrome de Down ou dificuldades de aprendizagem e surdas. Além disso, são oferecidas aulas de musicoterapia. Outra frente é a empregabilidade desses jovens, cursos voltados para especialização como, corte e costura, crochê, elétrica e trança.  

Integrantes que participam da ONG Oásis – Foto: Uendell Vinícius/ Voz das Comunidades  

O que preenche a grade curricular durante os cinco dias de funcionamento são as aulas do pré-vestibular, que oferecem a muitos alunos a oportunidade de ingressar em universidades públicas e privadas. Um exemplo vivo disso é a própria cofundadora do Oásis, Dâmaris Victorelli, de 24 anos, que foi a primeira aluna do pré-vestibular a entrar na universidade e seguir a carreira em Pedagogia, atualmente, cursando pós-graduação em Neuropsicopedagogia. 

A história de Dâmaris se mistura à trajetória do Oásis. A ONG funciona no terraço de sua casa, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, e começou em 2012, quando ela tinha 12 anos de idade, com a proposta de dar aulas de violão gratuita para os seus vizinhos. Antes, quem tomava conta eram seus pais com um teor mais religioso. Com o tempo, no entanto, a iniciativa se expandiu e passou a abraçar a diversidade e a inclusão por meio da educação. Hoje, o projeto conta com 60 professores voluntários e 160 alunos matriculados com uma contribuição mensal de R$30,00 para a manutenção das atividades.  

Dâmaris Victorelli, cofundadora e coordenadora geral do projeto Oásis – Foto: Uendell Vinícius/Voz das Comunidades 

“Ver, na minha rua [Mauriti], todas as crianças de 8 e 9 anos falando Libras…”, detalha a professora Dâmaris. “Ou dar aulas para os mais velhos e ouvir deles que a motivação para estudar é aprender a escrever o nome da filha…”, continua a cofundadora do Oásis, ao falar sobre a importância da ONG no território da Zona Oeste.  

Ao longo de 12 anos de existência, o projeto já impactou mais de 2.000 vidas — e ainda é difícil mensurar toda a sua potência e alcance. O espaço se transformou em um verdadeiro oásis em meio ao deserto de políticas públicas e da educação básica, contando com uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, nutricionista, assistente social e psicopedagogo. Além disso, são oferecidas aulas de musicoterapia. O Oásis foi homenageado na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro em março de 2024, dando menção honrosa aos professores envolvidos e à Dâmaris Victorelli.  

A maioria das crianças participa de todos os cursos da ONG e passa a semana inteira no Oásis. Dâmaris, cofundadora do projeto, também fez todos os cursos e agora atua como “professora de tudo”. Para ela, o maior retorno é ver ex-alunos voltando formados e se tornando professores no próprio projeto. 

A iniciativa possui braços para se expandir, como o podcast, que aproxima o público — inclusive voluntários de outros estados — e revela a essência do trabalho de forma autêntica. Além disso, as blusas funcionam como uniforme e reforçam a identidade visual do Oásis. 

Lauren Siqueira, aluna do Oásis há 7 anos – Foto: Uendell Vinícius/Voz das Comunidades 
  

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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