O Festival Novembro Negro deu a largada no Morro da Providência, favela da Zona Portuária do Rio de Janeiro. O primeiro ponto foi o Largo do Cruzeiro, onde fica localizada a Casa Amarela, responsável pela organização do evento, que vai desta quarta-feira (15) até domingo (19). Mesmo sem energia elétrica há mais de 24 horas na localidade por descaso da Light, o festival resistiu e aconteceu da melhor forma com os geradores da Casa, animando os moradores e, principalmente, as crianças.
A programação do primeiro dia contou com palestra de Gisele Rose sobre os valores civilizatórios afro-brasileiros, oficina de musicalização com Afrika Sonora, muito funk e trap com a DJ Tamy, roda de samba com a Vizinha Faladeira e uma feijoada no almoço para fortalecer os crias, por conta das alunas do curso de culinária do coletivo Mulheres Independentes da Providência (Mip).
“O festival é para externar para a comunidade todas as atividades da Casa Amarela, então todos os grupos estão participando. O Mip está responsável pela alimentação em dois dias da programação também estará em uma palestra sobre empreendedorismo”, conta Miriam Generoso, coordenadora do Mip.

Foto: Thayná de Souza / Voz das Comunidades

Foto: Thayná de Souza / Voz das Comunidades
Ela explica que um dos diversos cursos que o Mip oferece é o de culinária. “Então, hoje quem está fazendo a feijoada é a professora e as alunas formandas que já são cozinheiras, além de mães de alunos e integrantes do coletivo”, pontua.
E a Dona Lúcia aproveitou a festança para comemorar seus 70 anos, ao lado de seus familiares. Colocaram a mesa e as cadeiras para fora de casa, distribuíram os comes e bebes e ali ficaram para curtir o evento. Como são vizinhos da Casa Amarela, “todo ano o Novembro Negro é nosso”, confessaram. Pelo visto, é deles mesmo!

Foto: Thayná de Souza / Voz das Comunidades
Ernane Ferreira, coordenador geral da Casa Amarela, reforça que o evento busca resgatar as memórias do território que são apagadas propositalmente. “É simbolicamente muito importante um evento que conta a história do Morro da Providência, que vem da época dos cortiços, onde viviam pessoas que não eram brancas e ocuparam esse território”, afirma ele.
O coordenador também cita a importância de eventos como esse para reforçar a importância da Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas do País. “É fundamental todo esse movimento para o combate ao racismo, porque o discurso da diversidade é muito bonito, mas na prática é mais complexo até dentro da favela”, finaliza.