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Para reduzir evasão escolar, iniciativa faz busca por estudantes da rede municipal de ensino

Projeto Busca Ativa tem parceria da Secretaria Municipal de Educação com a Unicef e mobiliza não só a comunidade escolar, mas todos no entorno das unidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Ao ser perguntada se gostava da escola, Jennifer Aparecida da Silva, através da linguagem de sinais, disse: “gosto muito”. A menina, estudante do 7° ano, tem deficiência auditiva e retornou aos estudos na escola municipal Almirante Tamandaré, no Vidigal, depois da ação do programa “Busca Ativa”. A intérprete de libras de Jennifer, Joelma Lopes, afirma que as condições de vida não ajudavam a aluna a frequentar a escola, pois ela mora no alto da comunidade. Na pandemia, Jennifer também não tinha acesso a equipamentos, como celulares e computadores, para assistir às aulas. “É muito alta a casa dela. É muito isolada de tudo. Ela ficava lá em cima, só olhando o mar”, explica a intérprete.

A menina tem deficiência auditiva e conta com auxílio da intérprete de Libras, Joelma Lopes
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

A busca ativa escolar é feita pela Prefeitura do Rio, através da Secretaria Municipal de Educação, desde 2021, e tem parceria com a Unicef. O programa é uma das estratégias para evitar o abandono dos estudos. Pensando nisso, a diretora adjunta, Fátima Pires, além de todo o corpo escolar, preocuparam-se em fazer Jennifer frequentar novamente as cadeiras da sala de aula. “A gente tentou contato com a mãe por telefone, pelo WhatsApp e por visitas domiciliares. Os nossos funcionários de limpeza cansaram de ir até a casa dela. Mas, às vezes, não tinha ninguém”, relata Fátima. 

Ainda segundo a diretora, a integração vai além da preocupação com o lado educativo. O afeto é importante para que o aluno retorne e se sinta acolhido. “Nossa questão não era só o pedagógico, era a inclusão da Jennifer, porque ela não estava com uma vinculação à escola”. Hoje, a menina se sente parte da comunidade escolar, pois está comparecendo efetivamente às aulas. “Ela tá uma gracinha, super integrada, curte a escola. Ela vem animada”, completa Fátima. 

A diretora adjunta Fátima Pires é querida pelos anos e se preocupa com o lado acolhedor da escola
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Na Penha, projetos ajudam os alunos a continuarem na escola

A escola municipal Bernardo de Vasconcellos, na Penha, conseguiu manter os alunos, mesmo após a pandemia. O diretor adjunto José Carlos Vieira Júnior afirma que diversos projetos online incentivaram a reafirmar o vínculo com os estudantes. “A gente tentou de tudo para nos manter perto dos alunos”, afirma José Carlos.

A escola tem cerca de 90% dos estudantes, moradores no Complexo da Penha e, segundo o professor de matemática, James Jansen, a maioria está comparecendo às aulas diariamente. “A gente vê em todas as turmas casos muito isolados dos que têm pouca presença ou nenhuma”. A informação é confirmada pelo diretor que não desistiu daqueles ausentes. “Estamos no processo de busca ativa ainda dos que não compareceram. A gente fez um levantamento que, de todos os alunos da escola, cerca de 20 e poucos ainda não retornaram. O processo de resgate desses estudantes é o mesmo: através de ligações, contatos via redes sociais, perguntando aos conhecidos das crianças e adolescentes, entre outras atitudes”.

José Carlos e James fazem parte da Bernardo de Vasconcellos e se atentam a questões que vão além das salas de aula
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Para o diretor, o retorno quase total dos alunos se deve ao projeto político pedagógico denominado “Ser e Pertencer”. Nesse projeto, os alunos se sentem parte do ambiente escolar. Ações, como aulas fora da sala, projetos que envolvem música e de arte exposta nas paredes, fazem o aluno estar em um ambiente educacional inspirador. E a comunidade não fica de fora. Não é raro pais e pessoas ao redor do colégio ajudarem a deixar o espaço mais agradável aos jovens. “A escola é quase toda grafitada. Nós temos uma galeria de arte aqui, com parceria do Angelo Campos, um artista da comunidade”. Mas ainda assim, o diretor adjunto revela que quer fazer todos voltarem, mesmo que esse número seja pequeno. 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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