O Musical Pele Preta fez sua estreia no Teatro Ipanema na última semana, com três apresentações. Nesta sexta-feira (7) a equipe do Voz das Comunidades foi conferir a apresentação que a partir do dia 20 de julho estará no Theatro Bangu.
A apresentação reúne esquetes de racismo estrutural, quando a sociedade naturaliza a discriminação pela raça, como a abordagem racista cometida pela polícia, relembrando o caso em que um homem foi morto por policiais após ter uma furadeira confundida com uma arma.
A peça também mostra o poder do empoderamento preto, e da ancestralidade, é o que conta a atriz Nanda Fellyx, de 39 anos, que representa a personagem Odara. “Ela retrata a herança que a gente traz da nossa ancestralidade, uma potência muito grande, hoje em dia principalmente as mulheres pretas da comunidade, mesmo não querendo, tem que ser forte, correr atrás e se defender sozinha.” pontua.
O cantor Da Ghama, um dos fundadores da banda Cidade Negra, prestigiou o musical e pontua que com inteligência ele mostrou o cotidiano racista.
O musical Pele Preta é inspirado no Teatro Experimental do Negro (TEN) idealizado pelo dramaturgo Abdias do Nascimento, a partir da inquietação pela pouca presença de artistas negros em papéis de destaque. Da Ghama, destaca a importância do artista para a educação no Brasil. “Abdias do Nascimento foi uma grande referência para todos nós e podia estar mais presente na educação das nossas crianças, foi um grande líder brasileiro, o primeiro senador preto”. Por fim parabenizou o elenco.
Binho Cultura, que assina e dirige o musical, conta que o objetivo é mostrar o racismo mas também destacar a potência de “quem bebe da fonte da ancestralidade”. Ele comenta: “a gente precisa mostrar o que acontece, mas a arte ameniza a dor e deixa a reflexão.”