“O trapzão me pega muito, trapzão bolado!”, afirma MC Papa sobre sua preferência musical no mundo do rap. Também conhecido como 2P, é cria do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, gravou sua primeira música aos 16 anos usando o morro como cenário para o clipe. Seu nome de batismo é Michel Ponte, tem 29 anos e recebeu o apelido de “Papa” ainda na infância, em uma brincadeira entre amigos — e o nome pegou. Ele também integra o estúdio Novos Talentos, responsável pela produção musical de diversos artistas do Alemão.
O rap entrou em sua vida de forma natural, que começou entre amigos, que acabou ficando séria. Sua infância foi dividida entre as famílias que moravam na Penha Circular e no Alemão. “Só quem é daqui do complexo, nunca saí daqui para morar em outro lugar. É uma referência está aqui dentro”, conta o músico sobre o orgulho de pertencer ao CPX.
A cena do rap está em evidência hoje em dia e o rapper acreditava que ninguém imaginava o grandeza do movimento. E completa o Mc. “Se tu puxar legal o fundamento, ele é todo underground. Mas também não é porque a gente vem de um território que é hostil que tu deve só contar bagulho doido”, falando sobre a diversidade quem vem buscando em seu som e também dentro do mundo do rap.
Antes de ser músico, o arista trabalhou de chaveiro, em oficina de carro, em restaurantes e tambémm em praias. No entanto, o rap foi acontecendo em sua vida, de uma maneira interessante e envolvente, e a partir desse momento ele despertou para a cultura do Hip Hop.
Batalhas de rimas
As batalhas de rima que acontecem espalhadas pela cidade fortalece o movimento do rap, dando espaço e visibilidade a diferentes artistas periféricos e favelados. MC papa costumava frequentar a Roda Cultural de Olaria e também da ZN e a 50cent, lugar para se atualizar do que acontece na comunidade e músicas lançadas, estar por dentro do real underground. Ele reforça. “Eu aprendi muito na rua, nas rodas, é muito importante para quem quer fazer acontecer é tá na rua.”
A partir desse momento começou a fazer muitos shows pelo Rio com seu grupo Elemento do Rap que foi no início da sua carreira. Logo depois, foi integrante da banca CPX, que ficou conhecido dentro do Morro e as ideias já estavam mais para frente e começou a virada de chave para ele se impulsionar e fazer seu nome.
Ele menciona que a primeira vez que fez um show grande com vários artista foi no Arraiá do Alemão, evento realizado pelo Voz das Comunidades, em sua primeira edição. O ponto alto quando lançou sua música solo, que foi Flow Meiota, quando ele percebeu que tinha potencial para trilhar seu caminho dentro da música. Depois de um tempo parado, voltou aos palcos no Rap Festival e deu tudo mais que certo ainda mais porque se apresentou no CPX.
Inspirações
“As coisas que eu já passei. Tento fazer algumas algumas analogias com algumas coisas que eu gosto, as coisas que vivo”, dispara o artista. E destaca que mistura futebol, suas relações amorosas e quem tá realizando o BEAT.
Sua família começou a incentivar depois de ver a música ganhando novos rumos e indo para frente. E também suas aspirações vem das músicas que ouvia na sua casa, cresceu ouvindo Raça Negra, Legião Urbana, Bossa Nova, Barão Vermelho e também escutava, com sua avó, forró. Outras influências chegou pelo Tim Maia e confessa que gostava mais das canções dos anos de 1990. Não curte tanto as mais antigas.
A diversidade presente em seu som é marcante. Ele escreveu uma love song, mas sua criação vem muito da mente, da imaginação, e não necessariamente de experiências afetivas que viveu. Gosta muito de drill e o boom bap, onde se preserva o fundamento de antigamente. Mas o que prevalece é o trap. “O trapzão me pega muito”, destaca o MC Papa.
“Às vezes quando acontece a opressão do sistema. Eles vem e acaba, destruindo uma parada que foi uma luta para ti. Então isso influencia de diversas formas. Você escreve uma música para ser real no que tu tá falando, pegou a visão”, afirma MC 2P.
Ele afirma que a favela ainda não venceu e que essa realidade ainda está muito distante, porque quando fala de comunidade é necessário lembrar de todos que moram ali. “Hoje em dia parece que é um pouco de desconhecimento, mas o rap é música de protesto. A gente, claro, também vai ter momentos em que é preciso contar a alegria”, revela o trap.


