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Grupo de teatro promove atividades culturais na Penha

Iniciativa que surgiu em meio à pandemia, o Teatro Morreba incentiva crianças e adolescentes por meio das artes cênicas

Foto: Matheus Guimarães / Voz das Comunidades

Há um ano, uma iniciativa cultural de pai e filha vem mudando a realidade de muitas crianças, adolescentes e jovens do Complexo da Penha, Zona Norte da cidade do Rio. O grupo teatral Teatro Morreba surgiu em meio à pandemia da Covid-19 no ano passado e em pouquíssimo tempo já dá grandes passos. No dia 16 de Julho, lançou a primeira peça teatral, chamada O Cavalinho, que foi escrita pelo próprio grupo e exibida unicamente no Teatro Imperator, Méier.   

O que é o Teatro? Essa é uma pergunta comum entre muitos moradores de favelas no Rio que não conhecem profundamente ou não acessam por diversos fatores. O teatro tem muitas origens, entre essas está o Egito Antigo, Grécia e China. Foi constituído como uma forma de arte em que um ator ou conjunto de atores interpreta uma história para o público em um determinado lugar. Esta prática artística, tão antiga, é pouco vista nas comunidades. Durante a pandemia, a atriz Victória Oliveira, de 24 anos, e seu pai, o artesão Kaká de Oliveira, de 56, enxergaram o teatro como uma ferramenta de transformação social para as crianças do Complexo da Penha e, assim, criaram o grupo Teatro Morreba.

Victoria (à esquerda), Kaká (à direita), e Sonia Regina (ao meio), mais conhecida como Soninha Paz e Amor, fazem parte da direção do Teatro Morreba
Foto: Matheus Guimarães / Voz das Comunidades

Pai e Filha como os diretores

Kaká nasceu e cresceu no Complexo da Penha, mas deixou a comunidade quando se estabilizou na profissão. Porém, decidiu fazer agir no território ao se deparar com o descaso com a juventude na comunidade, sem escola, lazer e entretenimento por conta do isolamento social. A filha do artesão, Victoria, é atriz e decidiu juntar sua profissão com o trabalho do pai para oferecer aulas de teatro gratuitas para moradores. “Meu pai cedeu a casa, doou todos os móveis da casa, e fomos transformando até que virasse um espaço artístico para as crianças ou quem vier de fora chegar aqui e respirar arte”. Já Kaká conta que deu o “corpo do teatro”, ela pôs a alma nele, e o projeto foi evoluindo porque é de verdade. Não temos apoio de ninguém. É só eu e ela, como duas engrenagens”. 

A atriz fala também sobre como foi apresentar o teatro para as crianças da Penha: “A arte é uma ferramenta para o que acontece aqui, que é mais educação, cultura, disciplina, indo além das aulas de teatro. Motivar uma criança que está há 2 anos sem estudar, que é a nossa realidade, e fazer entender que eles precisam daquilo para conquistarem seus sonhos. Essa é nossa motivação”.

Crianças como protagonistas 

João Emanuel, de 10 anos, Aline Oliveira, de 11 anos, e Willian dos Santos, de 12 anos, são três dos treze atores mirins que integram o elenco da peça “O Cavalinho”. A peça foi elaborada pelos alunos do Morreba a partir de uma brincadeira feita pelas crianças nas ruas da favela. Segundo Kaká, a obra teve como intuito abordar questões de classes sociais, contando a história de um menino de favela e um de classe alta, com suas diferentes realidades.

Eles comentam com muita alegria sobre a importância do teatro em suas vidas. “Aqui me ensinou novas coisas, a não ser mais tímido. A cada dia que passa gosto ainda mais”, falou João, que foi o primeiro aluno do Morreba. “A diferença pra mim foi aprender a falar melhor e ter mais respeito pelo próximo”, contou Willian. E a Aline ressalta que poderia ter mais lugares como o Morreba pela favela. “Gosto muito de atuar. O projeto me fez uma nova pessoa. Se tivessem outros projetos assim, poderia ajudar mais pessoas, porque muitos não conhecem”.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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