Quem nasceu para brilhar, brilha por onde passa! AR Baby, cantor e compositor, escreve música desde os 13 anos. Tudo começou na igreja que ele participava, com composições de rap gospel. Com o passar dos anos, sua arte foi ganhando personalidade e, aos 24 anos, o artista nascido na Kelson’s, localizado na Penha, continua se encontrando rap, de um modo diferente. Além de mais de 140 mil de ouvintes mensais, o rapper assina álbuns completos de personalidades como MC Carol.
O cantor conta que tudo começou porque gostava de cantar e compor. A possibilidade de fazer dinheiro com a música surgiu bem mais tarde. “Foi com 18 anos que eu fui descobrir o que era Spotify, monetizar a música, ganhar dinheiro com a música”, diz. Mesmo assim, nunca parou de produzir, “a gente começa só pela arte mesmo”, acrescenta.
Em suas músicas, o cantor fala muito sobre a sua vivência enquanto um jovem favelado, algo que parece agradar ao público nas redes sociais, que comenta sobre a personalidade de suas composições. AR Baby conta que se inspira na sua realidade.
“O rap sempre foi isso, né? O rap se atualizou, agora o trap tá em alta, mas rap sempre foi isso. Sempre foi sobre vivência. Se você pegar Racionais, MV Bill (…), que são as referências lá de fora que a gente traz pra cá, você vai ver que o bagulho é anti-sistema, é pra falar sobre si, é pra se expressar, então sempre foi sobre isso”, explica.
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das ComunidadesFoto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades
De acordo com AR Baby, ele nunca teve expectativa em viver da música e ver isso acontecendo ainda é uma novidade. “Hoje eu consigo ter uma visão melhor, que a parada tá dando certo, tá rendendo fruto. Eu tô crescendo de verdade, mas até uns meses atrás não tinha expectativa nenhuma não. Era meu sonho fazer e viver disso, mas não tinha expectativa nenhuma”, conta.
“Eu que faço o que eu faço, o estilo de rap que eu faço, que é hip hop mais clássico, pique boombap, é muito difícil você conseguir acertar e ganhar visibilidade no mercado, entendeu? Então, só de eu ver que a parada tá chegando mesmo sem eu precisar me vender, forçar um personagem pra isso, pra mim já tá perfeito. Eu tô ganhando em cima da minha autenticidade, (…) sendo autêntico, sendo eu mesmo e fazendo o que eu gosto de fazer”, celebra.
Em 2023, o cantor trabalhava como entregador em um estabelecimento na zona sul do Rio de Janeiro, quando seu triciclo foi atropelado por um homem que passava pelo local. O artista começou a gravar o acontecido com medo de ser demitido. Foi quando levou um soco no rosto do homem que começou a confusão. “As oportunidades começaram a chegar, porque a visibilidade começou a chegar também”, fala. A agressão sofrida pelo rapper foi parar nos jornais e hoje, seu atual empresário, Uriel Calomeni, o ajudou a se portar no caso. Atualmente, o artista integra o casting do selo musical Fresh Records.
Agora o rapper está focado no seu mais novo lançamento, que já é um sucesso. Na última sexta-feira (23), AR baby lançou uma música em colaboração com o artista L7nnon denominada “Fundamento das ruas”, que já conta com mais de 100 mil streamings em menos de uma semana.
Nos bastidores, o compositor Matheus da Silva Ribeiro
Na foto das esquerda para direita: Dual021, produtor musical do rapper; AR Baby rapper e compositor; e Uriel Calomeni, empresário do artista. Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades
A trajetória como compositor também começa com o artista ainda na adolescência, “na igreja mesmo, eu já comecei compondo para as pessoas. Porque eu sempre tive essa parada de saber rimar facilidade para compor melodia”, lembra. Ao mesmo tempo, AR Baby nunca tinha pensando em escrever para si mesmo, “nunca me vi fazendo música, eu gostava de fazer para os outros. Fazia para outra pessoa interpretar”, completa.
Em 2023, o artista compôs o álbum nomeado “TRALHA”, interpretado pela MC Carol. Matheus já escreveu para a funkeira Pocah e outros artistas, mas prefere aguardar o lançamento para poder desvendar o mistério de quem serão os próximos interpretes de suas letras.
Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.