Em meio a protestos, governo promete iniciar obras de recuperação do Teleférico do Alemão

Primeira etapa da obra está prevista para ser concluída em dezembro e custará cerca de 17 milhões; moradores fazem outras reinvidicações sociais
Foto: Jacqueline Cardiano
Foto: Jacqueline Cardiano

Na manhã desta sexta-feira (18), o governador Cláudio Castro, pré-candidato à reeleição, esteve no Morro da Baiana, no Complexo do Alemão, para inaugurar o projeto de recuperação dos teleféricos. No entanto, as obras já começam atrasadas. Em princípio, os trabalhos deveriam ter sido inciados no dia 14 de fevereiro. 

O evento começou por volta das 10 da manhã e contou com a presença de líderes locais e moradores. Além do governador, estavam presentes o Secretário de Infraestrutura e Obras, Max Lemos, e o Secretário de Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha. 

Teleférico do Morro da Baiana está fechado desde 2016. Outras cinco estações também não estão funcionando.
Foto: Jacqueline Cardiano / Voz das Comunidades

Max Lemos afirmou que o projeto total de revitalização custa cerca de 170 milhões e que serão feitos três contratos diferentes, um em cada fase da obra. “Nós temos um contrato de 17 milhões começando hoje, um segundo contrato de 115 milhões e depois teremos um contrato de 36 milhões”, relata. A primeira fase das intervenções, segundo o governo do Estado, vai custar cerca de 17 milhões aos cofres públicos. A previsão é que a etapa atual seja concluída em dezembro. 

Max Lemos também diz que a tecnologia evoluiu em seis anos e que a forma de operação mudou devido às novas tecnologias. Ele também explicou o motivo das obras iniciarem na Baiana. “Aqui estão todos os motores, é a central, pra colocar o teleférico pra funcionar. Aqui está a central de comando”.

Governador afirma que a primeira etapa da obra termina em dezembro.
Foto: Jacque Cardiano / Voz das Comunidades

Em seguida, Cláudio Castro assinou o documento autorizando o início das obras e, após os discursos de líderes locais e de figuras políticas, subiu à estação e respondeu às questões sobre o projeto. Nas palavras do governo, a Supervia não será mais a operadora dos teleféricos. “A gente vai tentar romper na justiça, para que nós possamos solicitar outra vez novas concessões e uma condição melhor à população e que possa ter a melhor operação possível. 

Moradores fazem outras reinvidicações sociais

O dia também foi marcado por debate. Após ouvir sobre os gastos do empreendimento, a moradora do Alemão, Camila Moradia, defensora dos direitos humanos e que luta por moradia, quebrou o protocolo e entregou ao governador uma abaixo-assinado reivindicando melhorias do aluguel social e das moradias da região. “O senhor disse que o teleférico e as moradias iriam caminhar paralelamente”, disse ao Castro Castro. Ainda em seu discurso, Camila faz um apelo para outras questões que precisam de atenção. “Nós não aguentamos mais promessas, minha face não pode mudar. Eu não posso sorrir, porque não aguentamos mais promessas. Eu não tenho casa!

Camila Moradia entregou documentos com reivindicações sobre moradia ao governador
Foto: Jacqueline Cardiano / Voz das Comunidades

Em resposta, Cláudio Castro disse que o governo precisa recuperar a credibilidade dentro das comunidades. “Essa credibilidade a gente tem que recuperar. Muitas promessas foram feitas e 12 anos no aluguel social revoltam mesmo”. 

O governador também comentou sobre os atrasos das obras e alega que o projeto está pronto. “Mesmo com esse atraso, atraso de burocracia, ninguém quer atrasar nada. Porque todo mundo sabe que a situação financeira do estado hoje está estável. Hoje o dinheiro já tá na conta da secretaria”.

Por fim, alunos da Escola Estadual Tim Lopes, que atende estudantes da região, entregaram um documento fazendo reivindicações sobre as salas de aula sem ares-condicionados. Os estudantes sofrem com o calor desde o início das aulas. 

Alunos da Escola Estadual Tim Lopes fizeram apelo sobre as situações dos ar-condicionados nas salas.
Foto: Jacqueline Cardiano / Voz das Comunidades

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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