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Em época de rabanada e panetone, mãe e filha vendem sobremesas típicas para ceia de Natal

Os doces natalinos mais pedidos fazem parte do cardápio da Doceria Dois Corações, da Edna Lima e Julia Robert
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

No Natal muitas famílias decoram a casa, reúnem-se para celebrar, trocar presentes e saborear um banquete caprichado. Pensando na ceia natalina, as moradoras do Complexo do Alemão, Julia Robert, 25 anos, e sua mãe, Edna Lima, 43 anos, donas da Doceria Dois Corações, prepararam um cardápio com pratos variados, como panetone artesanal, rabanada recheada e tradicional, empadão, torta salgada, bolo cremoso, banoffee, pudim, tortas, mousses e pavês de diversos sabores.

Este é o segundo ano que a Doceria Dois Corações vende comidas tradicionais de Natal. Devido à grande procura em 2020, elas redobraram a dedicação para produzir as sobremesas. “Ano passado fizemos em cima da hora porque alguns clientes pediram. Como eles gostaram, decidi fazer este ano alguns pratos com base nos pedidos que tivemos, com o que eu acredito que seja a cara do Natal e o que não falta na minha ceia”, conta Julia.

As rabanadas serão preparadas no dia 24 de dezembro, segundo Edna Lima, e a sobremesa será entregue fresquinha aos clientes
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Desde a divulgação do cardápio nas redes sociais (@doceria_dos_coracoes), os pedidos não pararam de chegar. Segundo Edna, já são mais de 30 encomendas para o Natal. A maioria dos fregueses mora no Alemão, como Helena Elaine, 40 anos, que se diz cliente fiel das doceiras. “É o segundo ano que encomendo toda minha ceia de Natal com Julia e Edna. Elas já faziam doces deliciosos. Tivemos a combinação perfeita de uma data muito importante: a família e sobremesas maravilhosas. Sou suspeita de falar, mas não estou fazendo propaganda, estou falando de ser uma cliente fiel”, afirma Helena.

Por trás do sucesso e repercussão das guloseimas natalinas há inúmeros desafios e um deles é a alta dos preços dos alimentos. As empreendedoras alegam que, devido ao aumento com o custo dos materiais, precisaram alterar o valor das sobremesas. “As coisas estão muito caras, mas algumas pessoas não entendem. A gente preserva trabalhar com bons alimentos e tenta cobrar um valor justo, que dê para tirar alguma coisa e que as pessoas possam pagar. Mas a gente não tira nem 50% da venda”, explica Julia.

O início de um sonho 

A Doceria Dois Corações nasceu na pandemia, a partir da necessidade de melhorar a renda da família. Edna afirma que, com a chegada do coronavírus, tiveram que inovar para driblar as dificuldades. “Com essa pandemia, a gente tem que inventar porque tá difícil”, desabafa a mãe.  

Julia Robert e Edna Lima já trabalhavam com comidas, vendendo quentinhas e caldos, mas não tiveram recursos para continuar. Tudo começou a dar certo na Páscoa, quando decidiram fazer ovos recheados e venderam mais de 50 unidades. A divulgação dos produtos foi feita através de postagens em grupos no Facebook. 

A partir disso, as empreendedoras investiram em outras receitas, como bolos, cupcakes, brownie, docinhos, e também nas datas comemorativas. A filha prepara e monta os doces na cozinha da própria casa, no Loteamento, a mãe organiza o estoque e ajuda em algumas produções. “Eu sou mais detalhista e ela é mais organizada”, diz Julia.

Na véspera de Natal, a ceia da família Dois Corações será feita junto com as encomendas dos clientes
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Apesar das barreiras e dos desafios que enfrentaram, os feedbacks positivos e o aumento da clientela deram forças para a dupla. O que ficou para trás passou, agora Julia e Edna têm sonhos para o futuro. “Meu sonho é radical, mas eu quero mesmo gerar empregos e arrumar um espaço para aumentar a produção”, comenta Julia. Já a mãe, espera um dia conquistar a casa própria.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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