É mais um Silva que a estrela há de brilhar! Conheça a história do MC Negrito, cria da Zona oeste e dos bailes charme

A trajetória de MC Negrito e a força da família por trás do sonho
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

MC Negrito, cantor e compositor, é cria de Campo Grande, foi lá que ele aprendeu a sonhar e encontrou pessoas que nunca o deixaram desistir. Desde muito novo esteve envolvido com a música. Tudo começou em um grupo de dança que ele fazia parte e chegou a abrir shows do grupos como Molejo, Bokaloka e Os Travessos. Mas o destino separava um caminho diferente para o MC.

Em uma das apresentações de dança a produtora Vanda Lúcia esteve presente e não poupou palavras para a dona do grupo “Você não vai arrumar dinheiro desse jeito não. Pega um desses meninos e bota para cantar”, conta negrito. Desde então, o cantor começou a compor, mas não tinha coragem de cantar. 

Em certo momento chegou a apresentar uma ou duas músicas ainda com o grupo, mas os participantes foram desanimando e o grupo acabou. Pra negrito, sobrou a escrita, que nunca deixou de produzir. Ele conta que já passou diversas madrugadas escrevendo músicas com ideias que teve durante o dia mas, “até 10 anos atrás eu guardava, não mostrava para ninguém, só ficava escrevendo, escrevendo…”, confessa.

Até que um dia sua esposa pressionou e disse que se não usaria as letras para nada, que deixasse de escrever. Um dia ela levantou, falou: “‘Cara, vai voltar pra cama?’ Falei: Vou, vou. Espera aí, se não vou perder a ideia aqui, tá? E ela respondeu: Mas que que adianta? Eu tô lá deitada, você tá aí escrevendo. Para quê? Para ficar guardado aí?”, conta.

Negrito já trabalhava em outra área, mesmo assim resolveu tentar, as coisas começaram a andar. A primeira coisa que pensou era como seria chamado, “cara, tem que arrumar um nome para tua carreira, maluco, que artista é esse que não tem nome”, conta. Até então, Marquinhos, como o cantor era conhecido, recebeu uma sugestão: “a menina falou assim, pô, bota Negrito’ aí eu gostei e ficou Negrito”, afirma.

Ao passar dos anos, o cantor relembra que já foi muito subestimado. “Já vi nego pegar meu CD e falar assim, ‘sua música? é, legal’. E assim que virei jogou o CD fora, quem viu foi minha esposa. Disse pra ela: É assim mesmo, cara. Esquenta não”, conta.

Na época o MC trabalhava em um Lava Jato, um cliente reparou que ele estava sempre cantando e fez uma proposta. “Arruma um carro que eu vou te levar na casa de um amigo meu. Se ele gostar de você, ele vai dar uma moral, beleza?”, Negrito conta como foi. Negrito conseguiu que um amigo o levasse até esse lugar, “quando chegamos lá, era o Mr. Catra”, a partir disso MC Negrito chegou a abrir alguns shows e acompanhar Catra por dois anos, até que o Mr. faleceu.

A força da família Negrito

Depois disso, Negrito sentiu que as coisas regrediram, “voltei a estaca zero e pensei: vou parar”, muitas portas que já estavam abertas, foram fechadas e desistir parecia a única solução. Foi quando Robson de Araújo, assessor de Negrito, voltou à sua vida. 

“Teve um dia que eu saí de casa com destino certo, chegou na esquina fiquei confuso por onde ia, algo dentro de mim pedia para mudar de caminho, fui por onde a força que eu sentia me puxava”, diz Robson. Foi neste dia que ele esbarrou com MC Negrito, desanimado da música.

“São coisas que, às vezes, eu falo para ele (Negrito), são coisas que é difícil você entender, porque é surreal. É, além do nosso raciocínio. Uma coisa em você fala assim: “vai para essa rua aqui? Não. Essa vai? E eu fiquei ali mais ou menos uns 30 segundos me decidindo”, relembra Robson.

Mas como já dizia o grupo Revelação “A amizade é tudo”, na mesma hora Robinho pediu para que o cantor tirasse a ideia da cabeça e começou a ajudar o amigo com alguns contatos. As tentativas levaram Negrito até o produtor musical Boris que, em parceria com o músico, já lançou duas músicas: Negra linda e Chance. O cantor se prepara para seu próximo lançamento ainda neste mês da faixa “Favela”.

Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

Robinho, como o assessor é conhecido, segue em uma busca implacável pelo sucesso do amigo, que aos poucos conquista espaço no meio artístico, ele se apresenta como a família Negrito, que também é sobre força, acolhimento e de onde vem a coragem de não desistir.

“O Negrito não é só o Negrito. Por trás a gente fala que é a família Negrito, porque todos nós nos unimos em torno das nossas famílias. Essas pessoas tem que ter alguém lá na frente, pra botar a cara e receber a vaia. Esse cara sou eu, né? Mas atrás disso tem todo um trabalho pensando nas famílias”, diz Negrito emocionado.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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