Cria do Complexo da Maré, MC Lipe transforma vivência em arte

O multiartista reúne experiências em produções que dialogam com a realidade da favela
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

MC Lipe, 36 anos, é cantor, compositor, ator, roteirista, modelo e cria do Complexo da Maré, favela localizada na zona norte do Rio de Janeiro. Foi aos 10 anos que o artista começou a cantar, durante a adolescência ele participava de batalhas de funks e concursos de dança. “A gente formava bondes para disputar os concursos. Era muita gente entrando e saindo, até que o grupo fechou em sete. Com o tempo, alguns foram saindo, mas minha trajetória começou aí, cantando, fazendo shows”, relembra o cantor.

O artista encontrou no funk uma forma de expressão e muito mais do que isso, uma oportunidade. “A gente foi ganhando concurso, começaram a olhar pra gente e recebemos convites para eventos com mais estrutura”, fala. Escrevendo desde a infância, ele conta que desde pequeno escreve suas próprias músicas, mas também interpreta composições de outros artistas, uma troca comum no universo do funk.

Com cinco anos de carreira solo como MC, Felipe expandiu suas habilidades e hoje também é ator, roteirista, diretor e modelo. O cantor conta que participou de produções como Arcanjo Renegado, Impuros e Na Linha do Fogo, filme do AfroReggae gravado no Complexo da Maré.

Atualmente, trabalha na produção de Última Chance, seu primeiro longa autoral, escrito e protagonizado por ele. “É a história de um cara que sai da prisão e não encontra oportunidades. (…) A pessoa (..) de repente até quer mudar a vida dela, mas não tem a oportunidade”, explica.

Além de atuar e escrever, Felipe dirige os próprios clipes. Um deles, Direito de Expressão, já está disponível no YouTube. Outro, em produção, homenageia Marielle Franco e Amarildo. “Falo da luta, pedindo paz em todas as comunidades do Rio de Janeiro”, afirma.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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