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Coletivo Fala Akari realizará homenagem às mães e vítimas da Chacina de Acari

O crime, que completará 31 anos nesta segunda-feira (26), segue sem respostas

Foto: Reprodução

Há 31 anos, em 26 de Julho de 1990, um grupo de mulheres se juntou para cobrar respostas do Estado sobre o desaparecimento de onze jovens, sendo 7 menores de idade, após eles terem sido abordados por supostos policiais em um sítio em Magé, na Baixada Fluminense. Os corpos deles jamais apareceram. O episódio ficou conhecido como a Chacina de Acari.

As Mães de Acari, como ficaram conhecidas, se mobilizaram para investigar o caso e pedir a punição dos responsáveis. A partir daí, elas criaram uma articulação por justiça, até então inédita, que influencia até hoje outras mães – que também perderam seus filhos para a violência cometida por agentes do Estado -. Pouco mais de 3 décadas depois, as perguntas seguem sem respostas.

Mediante a esta data, o Coletivo Fala Akari decidiu promover um dia de memória e reafirmar que favela é história, luta e resistência. Além disso, vai homenagear as Mães de Acari que são as pioneiras no movimento de mães de vítimas de violência policial.

Mães de Acari eram lideradas por Edméia da Silva Euzébio, mãe de Luiz Henrique da Silva Euzébio (16 anos), Vera Lúcia Flores Leite, mãe de Cristiane Souza Leite (17 anos), e Marilene Lima de Souza, mãe de Rosana Souza Santos (17 anos).
Foto: Reprodução

31 anos de impunidade

Luis Melo é um dos membros do Fala Akari e comentou sobre a relevância do ato na próxima segunda-feira. “Então, vai ser o dia todo de ato para relembrar as mães de acari. Uma forma de manter viva a memória dessas mulheres que denunciaram uma chacina depois do Brasil sair de uma ditadura militar. Faz 31 anos da chacina de Acari e até hoje não tem corpo, não tem resposta sobre quem matou e por que, por qual motivo. São 31 anos da pergunta: Cadê os 11 jovens de Acari?”.

Algumas destas mães morreram nessa busca por justiça. Duas delas assassinadas. Edméia Euzébio, mãe de Luiz Henrique e líder do movimento, e Sheila Conceição, sua cunhada, sofreram uma emboscada e foram assassinadas no estacionamento do metrô Praça XI, em 1993, após visitarem um detento no presídio Hélio Gomes. Segundo as investigações, elas estavam muito próximas de descobrir o que aconteceu com seus filhos.

Luis falou também como outros casos de filhos e filhas sendo assassinados em territórios de favela continuou. “A chacina de Acari foi o primeiro grande caso depois vieram vários. E a partir das mães de Acari, as mães de vítimas de violência policial não ficaram caladas. Falta de investigação. O que acontece no Rio de Janeiro é a falta de investigação. Não chegam a lugar nenhum, principalmente quando envolvem agentes do estado”.

O evento vai acontecer no Espaço Cultural Mães de Acari e deve começar por volta das 8h e vai até o final da tarde, com diversas ações voltadas para a data.

Vítimas da violência

Os onze jovens sequestrados (e suas idades, em 1990):

  • Viviane Rocha, 13 anos;
  • Cristiane Souza Leite, 16 anos;
  • Wudson de Souza, 16 anos;
  • Wallace do Nascimento, 17 anos;
  • Antônio Carlos da Silva, 17 anos;
  • Luiz Henrique Euzébio da Silva, (vulgo Gunga) 17 anos;
  • Edson de Souza, 17 anos;
  • Rosana Lima de Souza, 18 anos;
  • Moisés dos Santos Cruz (vulgo Moi), 31 anos;
  • Luiz Carlos Vasconcelos de Deus (vulgo Lula), 37 anos;
  • Edio do Nascimento, 41 anos.

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EDITORIAS

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Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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