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Há 31 anos, em 26 de Julho de 1990, um grupo de mulheres se juntou para cobrar respostas do Estado sobre o desaparecimento de onze jovens, sendo 7 menores de idade, após eles terem sido abordados por supostos policiais em um sítio em Magé, na Baixada Fluminense. Os corpos deles jamais apareceram. O episódio ficou conhecido como a Chacina de Acari.
As Mães de Acari, como ficaram conhecidas, se mobilizaram para investigar o caso e pedir a punição dos responsáveis. A partir daí, elas criaram uma articulação por justiça, até então inédita, que influencia até hoje outras mães – que também perderam seus filhos para a violência cometida por agentes do Estado -. Pouco mais de 3 décadas depois, as perguntas seguem sem respostas.
Mediante a esta data, o Coletivo Fala Akari decidiu promover um dia de memória e reafirmar que favela é história, luta e resistência. Além disso, vai homenagear as Mães de Acari que são as pioneiras no movimento de mães de vítimas de violência policial.
31 anos de impunidade
Luis Melo é um dos membros do Fala Akari e comentou sobre a relevância do ato na próxima segunda-feira. “Então, vai ser o dia todo de ato para relembrar as mães de acari. Uma forma de manter viva a memória dessas mulheres que denunciaram uma chacina depois do Brasil sair de uma ditadura militar. Faz 31 anos da chacina de Acari e até hoje não tem corpo, não tem resposta sobre quem matou e por que, por qual motivo. São 31 anos da pergunta: Cadê os 11 jovens de Acari?”.
Algumas destas mães morreram nessa busca por justiça. Duas delas assassinadas. Edméia Euzébio, mãe de Luiz Henrique e líder do movimento, e Sheila Conceição, sua cunhada, sofreram uma emboscada e foram assassinadas no estacionamento do metrô Praça XI, em 1993, após visitarem um detento no presídio Hélio Gomes. Segundo as investigações, elas estavam muito próximas de descobrir o que aconteceu com seus filhos.
Luis falou também como outros casos de filhos e filhas sendo assassinados em territórios de favela continuou. “A chacina de Acari foi o primeiro grande caso depois vieram vários. E a partir das mães de Acari, as mães de vítimas de violência policial não ficaram caladas. Falta de investigação. O que acontece no Rio de Janeiro é a falta de investigação. Não chegam a lugar nenhum, principalmente quando envolvem agentes do estado”.
O evento vai acontecer no Espaço Cultural Mães de Acari e deve começar por volta das 8h e vai até o final da tarde, com diversas ações voltadas para a data.
Vítimas da violência
Os onze jovens sequestrados (e suas idades, em 1990):
- Viviane Rocha, 13 anos;
- Cristiane Souza Leite, 16 anos;
- Wudson de Souza, 16 anos;
- Wallace do Nascimento, 17 anos;
- Antônio Carlos da Silva, 17 anos;
- Luiz Henrique Euzébio da Silva, (vulgo Gunga) 17 anos;
- Edson de Souza, 17 anos;
- Rosana Lima de Souza, 18 anos;
- Moisés dos Santos Cruz (vulgo Moi), 31 anos;
- Luiz Carlos Vasconcelos de Deus (vulgo Lula), 37 anos;
- Edio do Nascimento, 41 anos.