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Carnaval 2023: Conheça o trabalho de costureiras dos barracões das escolas de samba

Costureiras da Imperatriz Leopoldinense e do Acadêmicos do Vidigal falam sobre amor pela escola e geração de empregos no Carnaval
Cerca de 60 costureiras trabalham no barracão da Imperatriz Leopoldinense (Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades)

Carnaval é festa, alegria, diversão… e é dessa folia que sai o sustento de muita gente. No Rio de Janeiro, o Carnaval atrai milhares de turistas, movimenta a economia da cidade e gera empregos em vários segmentos. De acordo com estudos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a previsão é abertura de 24,6 mil vagas para trabalhos temporários este ano. 

Já as escolas de samba geram empregos durante o ano todo. Se engana quem acha que o Carnaval começa em fevereiro. Os desfiles impecáveis que assistimos na avenida são resultado de meses de muita dedicação. Afinal, é o maior espetáculo da Terra

Viver de Carnaval parece divertido, mas requer grande responsabilidade. Cada detalhe pode ser decisivo para garantir a nota dez e o tão sonhado título de campeã. Nos barracões das escolas de samba, cada pessoa exerce uma função importante para a agremiação. Um exemplo são as costureiras, responsáveis pela confecção de fantasias.  

No Vidigal, Zona Sul do Rio, as costureiras, crias da comunidade, produzem os desfiles com show de simplicidade e beleza. O Acadêmicos do Vidigal é um bloco de enredo do Grupo 1 e conta com 350 componentes. Por não ter um barracão, as fantasias são feitas na casa do presidente ou de costureiras locais. A preferência da agremiação é dar oportunidade aos profissionais da favela.

Dona de um pequeno ateliê dentro da comunidade, Dejenane Freitas, 49 anos, é uma costureira pé quente. A Acadêmicos do Vidigal foi campeã quando ela começou a confeccionar as fantasias da escola há 10 anos.

Dejenane Freitas é costureira há 20 anos (Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades)

Durante esse tempo, seu maior desafio foi produzir a fantasia do casal de mestre sala e porta bandeira. Atualmente é responsável pela maioria das alas. “Gosto de costurar, de ver aquilo nascendo. Depois que bota o brilho, fica lindo”, diz.

O carnavalesco também coloca a mão na massa. Carlos Tikin, 44 anos, é filho de costureira e, o que aprendeu com a mãe, põe em prática no mundo do samba. No Carnaval de 2023, a Acadêmicos do Vidigal vai levar para a Avenida Chile, no dia 18, o quilombo de Tereza de Benguela.

Carlos Tikin é carnavalesco e, além de trabalhar no processo criativo, ajuda as costureiras nas confecções das fantasias
(Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades)

“Podem esperar um trabalho bacana, com muita criatividade e beleza. Espero que entre para a história. Estamos trabalhando para isso”, afirma Carlos.

Na Cidade do Samba, o barracão da Imperatriz Leopoldinense está a todo vapor. As costureiras da equipe coordenada por Cristiane Machado, 45 anos, tem como missão fazer a fantasia da bateria, além de outras alas da Rainha de Ramos.

Em 2013, Cristiane aceitou o desafio de trabalhar na escola. Natural de Minas Gerais, a costureira é moradora do Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. A oportunidade surgiu assim que chegou à Cidade Maravilhosa. Atualmente, coordena uma equipe com 10 costureiras e sonha em ajudar a profissionalizar mais pessoas na área.

A fantasia da bateria e ala das baianas são as produções preferidas de Cristiane (Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades)

“É daqui que eu tiro meu sustento, é daqui que eu já realizei sonhos e eu tenho certeza que vou conseguir realizar mais. Falta mão de obra na nossa área. Espero um dia poder ajudar e ensinar quem tem interesse em aprender. A oportunidade que a gente dá para as pessoas de trabalhar aqui é muito grande”, conta Cristiane.

Este ano, a Rainha de Ramos será a quarta escola a passar pela Marquês de Sapucaí na noite de segunda-feira (20) e Cristiane está confirmada no desfile. “Faço questão de desfilar, de estar na Avenida dando apoio para o pessoal que precisa junto com minha equipe. A Imperatriz para mim é uma base, um suporte que eu tenho”, declara.


Reportagem produzida para o jornal impresso do Voz das Comunidades.
Texto: Amanda Botelho / Fotos: Selma Souza

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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