A iniciativa, que já levou 100 moradores de favelas a participarem da programação, começou no dia 12 de junho, durante o evento-teste da Bienal do Livro 2025. Atendendo ao convite da organização e com o propósito de ampliar o acesso à leitura e à cultura, o Voz das Comunidades está promovendo a ida de 200 moradores do Complexo do Alemão para vivenciarem e prestigiarem a edição deste ano do evento. A iniciativa acontecerá novamente dia 19 de junho e os convidados foram selecionados por meio de projetos sociais que atuam nas áreas de educação e cultura dentro do território.
O professor de Matemática Leandro Almeida, de 41 anos, ao ser questionado sobre a importância da iniciativa e da parceria, afirmou que é fundamental apoiar os jovens por meio da leitura, mostrando que ela faz parte da nossa realidade e está presente dentro da nossa comunidade, no Complexo do Alemão, na Penha e em toda aquela região. Segundo ele, levar esses jovens para a Bienal é uma forma de fazê-los se sentirem pertencentes a esse ambiente.

Já o Matheus Euzebio é estudante de Pedagogia e conta que seu encanto pela literatura começou desde cedo porque o acesso à biblioteca pública era na esquina de sua casa. Comenta que a educação sempre esteve presente na sua vida. Revelou que comprou “A História de Anne Frank” para acervo coletivo no equipamento cultural que trabalha, dentro da Comunidade da Maré, Zona Norte do Rio.
“A Bienal ser realizada durante o ano em que o Rio é a Capital Mundial do Livro tem um peso simbólico muito forte pra gente. É muito importante que nós, moradores e leitores das periferias da cidade, tenhamos acesso a esse espaço. Estamos falando de um evento pago, onde o livro é apresentado como um objeto de poder, e nesse contexto, estar aqui como convidados é muito significativo. Participar da que está sendo anunciada como a maior Bienal da história, e ainda antes da abertura oficial, é um privilégio. Pra mim, está sendo uma experiência incrível. Tá tudo lindo!”, afirmou Matheus Euzebio, de 25 anos, morador da Maré e mediador da Biblioteca Municipal Lima Barreto.

Emelly Silva, estudante de Jornalismo, 28 anos, moradora de Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio, declara com entusiasmo: “Tudo é nosso!”. Ela complementa, citando Lázaro Ramos: “Ele afirma que podemos ser o que quisermos.”
Ao falar sobre o processo de aprendizagem e a importância do incentivo para ocupar esses espaços, Emelly reflete. “Eu penso assim: se alguém abriu uma porta pra mim, então eu também vou abrir para o meu irmão, para o meu primo, para o meu sobrinho. A ideia é essa, seguir em frente. Nada para por aqui. Inclusive, o conhecimento: tudo o que aprendi quero passar adiante, e espero que as pessoas façam o mesmo.”

Essa colaboração mostra o compromisso de ambas as instituições em promover a transformação social por meio da educação e da leitura, especialmente neste momento em que o Rio de Janeiro foi nomeado Capital Mundial do Livro pela UNESCO.
A parceria entre o Voz das Comunidades e a Bienal do Livro já existe há alguns anos. Em edições anteriores do evento, já levamos milhares de pessoas para vivenciar essa experiência. Além disso, a Bienal é uma apoiadora fundamental do projeto “Invasão de Livros”, que faz referência à ocupação dos Complexos do Alemão e da Penha em 2010. Juntos, já distribuímos mais de 60 mil livros em favelas cariocas.