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78% das pessoas negras no Jacarezinho vivem próximas a possíveis criadouros da dengue, diz pesquisa

O levantamento foi realizado pelo LabJaca em parceria com Infodengue, iniciativa da Fiocruz/FGV
Foto: Reprodução/Fiocruz
Foto: Reprodução/Fiocruz

Pouco se ouviu falar sobre a dengue no Jacarezinho e em outra favelas, no período da pandemia de Covid-19. Essa informação está na pesquisa realizada pelo Labjaca em parceria com o Infodengue, iniciativa da Fiocruz/FGV. O estudo revelou que 6 em cada 10 pessoas entrevistadas não viram nenhuma campanha ou medida de combate à dengue nos 3 meses anteriores à entrevista. Os dados foram recolhidos entre abril e julho de 2021. 

O resultado foi divulgado em março de 2022 e revela que, apesar da Covid-19 estar no foco de preocupação com a saúde, a dengue não deixou de existir. A pesquisa teve a intenção de mostrar a relação entre a doença e a favela. Foram ouvidas 89 pessoas, durante três eventos de entrega de cestas básicas no Jacarezinho, e dessas, a maior parte do grupo era composto por mulheres acima dos 30 anos (78%). Além disso, entre os que responderam a pesquisa, negros também estavam em número maior (78%). Apesar de ter sido na comunidade, não houve intenção de mostrar a realidade da doença somente desse território. Um vez que se trata de um levantamento inicial.

O LabJaca também reforçou que a falta de cuidado com o lixo está diretamente ligado ao aumento da dengue. 30% dos entrevistados disseram viver em áreas cercadas por muito lixo e 22% em regiões com pequenos acúmulos de resíduos. “Das pessoas que entrevistamos, 69% declararam ver, nos arredores de suas casas, elementos de risco que podem gerar criadouros do mosquito da dengue, como vasos de plantas e garrafas com água acumulada. Entre as pessoas negras, esse percentual chega a 78%, enquanto para as não-negras, cai para 45%”, reforça a pesquisa.

Foto: Reprodução/ LabJaca

Conhecimentos sobre a transmissão

Ainda de acordo com os dados, 61% vivem em casas com 4 ou mais pessoas. Entre a população negra, o número é ainda maior: 65%. Também foi revelado que a maior parte sabe que a transmissão é feita pela picada do mosquito Aedes Aegypti, entre outras questões básicas como, por exemplo, formas de afastar o mosquito. No entanto, grande parte dos participantes não sabia que o dia e o horário de maior atividade do mosquito transmissor da dengue. 64% não tinha conhecimento ou discordaram dessa informação.

Foto: Reprodução/ LabJaca

O Labjaca conclui, recordando os números alarmantes de mortes causadas pela dengue nos últimos anos, que “com a chegada do verão, não podemos deixar cair no esquecimento da população que, juntas, dengue, Zika e Chikungunya mataram 7.000 pessoas no Brasil no período de 2008 a 2019. É de extrema importância a eliminação dos criadouros de forma coletiva com participação comunitária e o estímulo à estruturação de políticas públicas efetivas para o saneamento básico, além do uso de inseticidas, para evitarmos a perda de mais vidas”.

A pesquisa completa está disponível no link a seguir: https://www.labjaca.com/posts/boletim-dengue-no-jacarezinho-2022

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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