Justiça condena o Estado a pagar indenização a família de homem morto na Chacina do Jacarezinho

A sentença determina o pagamento de R$ 80 mil a mãe de uma das vítimas.
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

A Chacina do Jacarezinho, conhecida por ter sido a ação mais letal em operações no Rio, deixou 28 vítimas no dia 6 de maio de 2021. Uma dessas vítimas foi Márcio da Silva Bezerra. E neste semana, a Justiça do Rio condenou o Estado do Rio de Janeiro a pagar uma indenização de R$ 80 mil por danos morais à mãe da vítima.

Na sentença, a juíza Neusa Leite, da 14ª Vara de Fazenda Pública do Rio, destaca entendimentos do Tribunal de Justiça do Rio e do Supremo Tribunal Federal de que, em casos de mortes durante operações policiais, quando a perícia é inconclusiva sobre a origem do tiro, é possível a condenação do poder público a indenizar parentes da vítima por danos morais e materiais.

Na ação, a mãe da vítima afirma que, naquela manhã, Márcio saiu de casa às 6h30 para comprar frutas no mercado, para iniciar mais um dia de trabalho como feirante. E que, no percurso até a saída da favela, ele foi alvejado por disparos de arma de fogo.

A mãe de Márcio alegou que os disparos vieram da direção dos policiais que realizavam a operação no local. Segundo ela, conforme uma foto tirada por moradores da comunidade, Márcio estava caído no chão já baleado e sem portar arma de fogo. Disse ainda que o corpo de Márcio foi levado em um veículo blindado da polícia junto com diversos outros corpos para o hospital, aonde já chegou morto.

A juíza, no entanto, indeferiu os pedidos de indenização por danos morais decorrentes de suposto tratamento dado do corpo de Márcio, e da suposta violação ao direito dos familiares à adequada investigação pela morte.

O advogado da mãe de Márcio, João Tancredo, disse que “vai recorrer da sentença para aumentar a indenização e buscar indenização pela alteração do local do crime pelos policiais e pelo tratamento brutal do corpo de Márcio”.

Em nota, a Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro declarou que ainda não foi notificada da decisão.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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