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Studio do Mar: Herança recebida do patriarca virou negócio familiar

Dos 10 herdeiros, cinco guiaram pelo negócio da hospedagem por temporada
Ana Lima se aproveitou da tradição familiar na hospedagem para criar seus próprio negócio. Foto: Igor Albuquerque/Voz das Comunidades
Ana Lima se aproveitou da tradição familiar na hospedagem para criar seus próprio negócio. Foto: Igor Albuquerque/Voz das Comunidades

As empresas familiares constituem a espinha dorsal da economia de quase todos os países do mundo e o capital das nações depende muito deste grupo. A maioria das principais organizações do mundo tiveram origens familiares e algumas ainda possuem forte identidade familiar. Quando ouvimos falar sobre “empresas familiares” pensamos logo em grandes corporações e em enormes impérios herdados por alguns sortudos.

Na favela também existem negócios familiares e um dos mais comuns é o do ramo imobiliário. É muito comum que nas favelas as casas em que os desbravadores do local criaram seus (muitos) filhos, fiquem de herança para os mesmos e que esses façam subdivisões para, no futuro, formarem as suas próprias famílias.

Na família “Lima” não foi diferente e entre “puxadinhos”, construções na laje e nos pedaços de terrenos cedidos pelo patriarca da família, “Seu” Ernesto, para os seus 10 filhos, surgiu um pequeno complexo de hospedagem na parte baixa do Vidigal (314). Dos 10 irmãos que herdaram seu “pedaço de terra”, cinco enveredam pelo ramo da hospedagem e viram nesse nicho de mercado uma ótima oportunidade de prosperar.

A herdeira mais jovem, entre as mulheres, é Ana Cláudia Lima, que abriu mão do conforto da casa que havia construído para morar. Aproveitando o grande crescimento do turismo na favela, disponibilizou o seu imóvel para aluguel por temporada em um famoso site especializado.

Foto: Igor Albuquerque/Voz das Comunidades

“Eu fiz a casa pra mim, morei nela por um ano e depois resolvi colocar para alugar por temporada. Meu primeiro hóspede foi um turista que já havia feito um passeio comigo (Ana também é guia turística). Ele me perguntou se eu conhecia algum lugar familiar para ficar e eu ofereci a minha casa. Logo depois um amigo me falou da plataforma (especializada nesse tipo de hospedagem) e eu abri a minha casa para hospedagem. Isso já tem seis anos”, disse Ana.

Ana Lima, como prefere ser chamada, lembra que mesmo antes de se aventurar por esse universo da hospedagem, já curtia estar entre os hóspedes que seus irmãos, que já alugaram suas casas para temporada, recebiam e de como isso influenciou na sua adesão ao negócio.

“Eu sempre tive muito contato com as pessoas que a minha irmã hospedava na casa dela e depois com os hóspedes do hostel do meu irmão. Eu gostava de estar em contato com pessoas de vários lugares e isso sempre foi muito divertido pra mim. E, por isso, eu ter começado nesse ramo foi tão natural”, acrescentou.

Cláudia também falou das vantagens de ter seus irmãos trabalhando no mesmo ramo e de como isso facilita as coisas para ela.

“Meus irmãos também terem casas que alugam pelo aplicativo de hospedagem é muito bom. Nós nos ajudamos o tempo todo, tudo que um compra, avisa para os outros comprarem também. E assim todos teremos, para, assim, podermos oferecer a mesma qualidade para os nossos hóspedes. Agimos como co-anfitriões uns dos outros e assim conseguimos diminuir ao máximo o tempo de resposta para os hóspedes”, completou.

O Studio do Mar fica na parte baixa do morro do Vidigal (314), oferece duas acomodações independentes, que acomodam confortavelmente um casal em cada uma. O local  oferece também mobilia completa e uma bela vista de frente para o mar. Os hóspedes também têm direito a roupas de cama, estrutura para lavar roupas, além de materiais de limpeza, e outras coisas. O local também disponibiliza bicicletas para explorar melhor os pontos turísticos da Zona Sul do Rio de Janeiro.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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