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Vidigal: Nova Clínica da Família é anunciada em tapume, mas Prefeitura não oficializou obras

Moradora reivindica que obra seja publicada no Diário Oficial e considera que é apenas promessa de ano de eleição
Foto: Reprodução / Parceiros do Vidiga
Foto: Reprodução / Parceiros do Vidiga

Afinal, o Vidigal vai receber mais uma clínica da família? De antemão, a resposta é: a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) não respondeu. Nenhuma das tentativas do Voz. Além disso, a licitação para o início das obras não foi publicada no Diário Oficial e, até o momento, os moradores não viram nenhum documento oficial de que, de fato, a ampliação da unidade de saúde vai acontecer. Mesmo assim, o tapume na Rua Doutor Olinto de Magalhães, no Morro do Vidigal, Zona Sul do Rio, está lá anunciando em letras garrafais: “novas instalações da clínica da família do Vidigal”. 

O prédio em questão é uma construção de sete andares que foi considerada irregular pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) e demolido em janeiro de 2023. Em outubro do mesmo ano, a SMS anunciou para a imprensa que o espaço teria como destino se tornar uma nova clínica da família para a região. 

A necessidade de uma nova unidade de saúde para atender à população do VDG foi a capa de abril do jornal impresso do Voz das Comunidades. O único centro de saúde presente no território não dá conta dos mais de 15 mil moradores (Censo 2022). Na reportagem, foi abordada a recorrência do assunto, que é uma demanda de anos, e teve Miriam Esperança, de 59 anos, como personagem. Ela pontuou a falta de comprometimento do poder público. 

Agora, após a colocação do tapume anunciando as novas instalações, Miriam questiona a falta de informação para os moradores. “A gente vem buscando que o secretário de Saúde ou o prefeito coloque isso em Diário Oficial ou documente em algum lugar porque não existe documento nenhum dessa clínica da família. O que sabemos é que duas pessoas que foram lá – o gerente do posto de saúde, o Daniel, e a coordenadora AP 2.1, Rosangela – no dia que colocaram o tapume junto com a associação de moradores, disseram que logo a seguir seria colocada também a planta da obra no tapume.”

“Ninguém do escalão máximo, nem prefeito nem secretário, veio aqui para anunciar que a obra vai começar, mas estão dizendo que vai ser a clínica. A associação disse que vai acontecer, mas não sei de onde tiraram a informação porque não existe um documento oficial”, reforça.

Miriam reflete: “É uma obra velha que não foi utilizada para nada. Não sabemos como está a papelada sobre o terreno, não sabemos nada do prédio, nem se as pessoas que compraram o apartamento serão indenizadas. Ninguém sabe absolutamente nada. Desinformação total para dizer que algo vai acontecer”.

Para ela, que mora há 50 anos no Vidigal, o tapume é apenas o símbolo de mais uma promessa. “O que me inquieta mais nessa situação toda é que todos dizem que vai acontecer a clínica naquele local, mas estamos em ano de eleições. A gente está no último mês de orçar, licitar e inaugurar obras. Depois disso, acabou, não pode fazer mais nada. Como que isso vai acontecer neste mandato? Não vai, é só promessa para o próximo mandato. Angariar votos para o mandato seguinte”, finaliza. 

Na ata da plenária do Conselho Distrital de Saúde da Área de Planejamento 2.1, que aconteceu no último 29 de abril, a coordenadora Rosangela Frossard da referida AP informou que uma planta do projeto da clínica foi apresentada no dia 26 de abril e aprovada pelo secretário Daniel Soranz. 

“O próximo passo será com a Organização Social de Saúde Gnosis, a elaboração do orçamento e a realização do chamamento público. Com um período de 30 a 45 dias para as empresas se cadastrarem e poderem participar do processo. Serão três empresas. O prédio é público e foi colocada para a Saúde, com Decreto Oficial. Não sai em Diário Oficial. As obras não tem data de término. Já tem a planta pronta e aprovada, falta a parte Legal”, disse Rosângela na plenária. 

Trecho da ata da plenária Conselho Distrital de Saúde da Área de Planejamento 2.1
Foto: Reprodução

Para acessar a ata a íntegra, clique abaixo para fazer o download:


Após a publicação desta matéria, o secretário de Saúde, Daniel Soranz, se disponibilizou para dar entrevista. Ainda não obtivemos retorno.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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