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Taxas de negros mortos em AL é cinco vezes mais acima de que grandes capitais do Brasil

(Crédito: Reprodução)
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Daniel Paulino
Voz das Comunidades Alagoas 

As taxas de homicídios de jovens negros no estado de Alagoas somam cinco vezes mais que as grandes capitais como Santa Catarina e São Paulo. Segundo o Mapa da Violência do Ministério da Justiça, cerca de 91,5% das pessoas mortas no estado são negros vítimas de homicídios.

De acordo com a coordenadora do Grupo Raízes Africanas, Arísia Barros, os números estão bem acima do patamar nacional que é de 68,1%. Ainda segundo Arísia, o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) contabilizou no ano de 2014, que cerca de 68% e 70% da população alagoana é composta por negros, que muito deles são mortos devido à violência.

”Não temos números brutos sobre a quantidade de jovens negros mortos em Alagoas e se não existe números não existe pesquisa, não existe conhecimento sobre o que vem ocorrendo, não existem políticas publicas voltada para esse público. Se existem essas mortes, é função do governo do estado questionar, investigar e descobri o porquê a morte de tantos jovens negros vem acontecendo em Alagoas e criar políticas públicas para essa juventude”, afirmou Arísia.

Ainda segundo Arísia, mesmo o estado tento cerca de quase 70% da população negra ou parda, o estado ainda não conseguiu combater o racismo. ”Alagoas ainda é um estado extremamente racistas e a imagem que é vendida no estado é de pessoas brancas. ”

A coordenadora afirmou ainda que mesmo Alagoas sendo a terra de Zumbi dos Palmares o preconceito permanece o mesmo. ”Os quilombos em Alagoas vivem na miséria. Alagoas é um estado perverso, mesmo sendo o estado onde se deu o grande grito da liberdade e tem grandes personagens como Zumbi e dentre outros de cor negra”, ressaltou.

(Crédito: Arquivo/VozAL)
(Crédito: Arquivo/VozAL)

Arísia Barros comentou também sobre a falta de interesse do poder público em investir no assunto. ”A falta de interesse dos gestores é muito grande. A Secretaria das Minorias e a Gerência de Educação Étnico Racial, que fazia parte da Secretaria Estadual da Educação, foram  extintas na gestão do Téo e esses órgão era que dava a devida atenção a esse povo e infelizmente foram extintas”, lamentou.

Ainda sobre a violência contra os negros, Arísa disse que os números de negros mortos em Alagoas chega a encher uma lagoa mundaú de sangue. ”Todas essas mortes são mortes premeditadas, o Plano Juventude Viva instalado em Alagoas em 2011, que tinha como intenção de retirar meninos e meninas negros das ruas e periferias e da vulnerabilidade não é suficiente para combater todo esse problema”, frisou.

A coordenadora do Grupo Raízes Africanas relembrou um caso muito conhecido, ocorrido no corrente ano, envolvendo um jovem negro de família que reside na periferia. ”Se o Jovem Davi da Silva, que sumiu após uma abordagem policial fosse branco e de família rica, a população alagoana com certeza teria um certo posicionamento e estaria reivindicando providências das autoridades. Infelizmente, a população pensa que quando se matam negros se mata bandido e não é dessa forma”, dispara.

Questionada sobre qual seria a solução para que Alagoas saísse desta triste realidade, Arísia disse que é preciso muitas mudanças. ”O governo precisa tomar consciência que é preciso estabelecer políticas públicas de qualidade, mais não estabelecer políticas públicas atreladas a partidos políticos e sim a população que necessita disso”, finalizou.

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EDITORIAS

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Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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