A disputa não era de manobras radicais, mas da história dos praticantes dessa modalidade. “Como o patins mudou sua vida?”. Quando Raphael Medeiros, aluno de publicidade da PUC-Rio viu o slogan na internet, lembrou na hora de Max. “Eu conheci o Max ele ainda usava um patins improvisado com para-choque de carro! Acompanhei toda a evolução dele, não só no patins, mas na vida. E a gente precisava contar essa história”, lembra Raphael, que pegou sua câmera e fez um vídeo de cinco minutos que levou o primeiro lugar. “Quando eu vi que ganhamos, foi demais! Foi como acertar uma nova manobra”, descreve.
Max lembra bem de como precisou ser persistente para traçar esse caminho. “A cultura da favela é você arrumar um emprego, não terminar os estudos, mas ganhar um salário que ajude em casa. Eu sempre quis mais”, diz o menino, que passou a observar os patinadores em uma pista dentro da Rocinha, a SBRPark, e a fazer comparações com os heróis dos videogames. “Eu conheci o patins dentro da comunidade mesmo. Construíram o SBRPark perto da minha casa, era a maior febre. Eu achava que nunca ia conseguir andar, eles voavam, faziam manobras, pareciam o Sonic do videogame”, compara Max, que precisou enfrentar a desconfiança da mãe. “No início, minha mãe não gostava muito. Chegava em casa tarde, machucado, só queria fazer aquilo. Ela achava que era coisa de vagabundo. Depois eu comecei a chegar com as medalhas, apareci na TV, e ela passou a ver diferente”.
Mesmo contrariada, foi a mãe de Max quem lhe deu seus primeiros patins. “Não era nem de manobra, custou R$ 10!”, diverte-se ele, que hoje é disputado por empresas que fabricam os melhores patins de manobra do mundo. “Estou com algumas propostas de patrocínio que ainda não podem ser divulgadas”, orgulha-se Max.
E foi por causa do roller que Max fez uma das mais importantes manobras de sua vida: entrou para o curso superior de design da PUC-Rio. “Através do patins eu comecei a conviver com uma galera cheia de referências. Eu ficava perdido no meio das conversas. Mas isso só me fazia querer ir atrás desse conhecimento”, revela. “A forma como eu ando de patins é a forma que eu vivo. Quando eu entro num cano, olho para o final dele e falo “vou até o fim”. Se eu erro, tento de novo. Se eu me machuco, penso que hoje não deu, mas amanhã eu vou tentar. É assim que vivo”.
A determinação do menino nascido e criado em uma das maiores favelas da América Latina não só deu resultado, como virou exemplo para outros jovens. “As crianças gritam, pedem mortal. Eu sei que influencio elas”, reconhece Max, que hoje é patrocinado pela marca de roupas FOR, faz estágio na área de design e pratica pelo menos uma hora de rollerblading por dia. E aí? Alguém ainda duvida do Super Max e seus poderes?