Conhecido como poeta da periferia, Sérgio levará sua poesia marginal para o Museu do Samba, na Zona Norte Carioca
Co-fundador de um dos saraus mais famosos de São Paulo, o Cooperifa, o poeta Sérgio Vaz e sua poesia marginal desembarcarão neste sábado na FLUP Pensa (ciclo de formação de poetas da Festa Literária das Periferias), às 17h, no Museu do Samba, na Mangueira, Zona Norte do Rio. Ele virá acompanhado de diversos poetas do sarau que organiza todas as terças-feiras, no Zé Batidão, bar da zona sul de São Paulo. O bate-papo com Sérgio Vaz terminará com o primeiro sarau da FLUP Pensa de 2017, que até teve 100 inscritos.
O evento, ainda que gratuito e aberto ao público, tem como principal finalidade ampliar o repertório dos autores das periferias cariocas que participarão da coletânea de poemas da FLUP 2017. “Pedimos aos participantes do processo de formação que tragam um poema sobre a exploração do trabalho infantil e a escravidão contemporânea, mas que usem o tema subjetivamente e soltem suas imaginações”, aponta Ecio Salles, um dos idealizadores da FLUP. “O tema tem que ser libertador e sutil, e a poesia não pode ter sido publicada em nenhum livro profissional”, complementa.
Sérgio Vaz é um dos principais nomes da poesia brasileira na atualidade, eleito pela Revista Época como um dos 100 brasileiros mais influentes do país, em 2009. É criador do Cinema na Laje, projeto “Poesia nos Muros” e “Poesia contra violência”, que percorre escolas públicas batendo papo sobre poesia e cultura. Além de Sérgio Vaz, Ricardo Aleixo e Elisa Lucinda participarão do ciclo de formação de poetas da FLUP Pensa, que continuará até o dia 24 de junho.
O ciclo de formação já contou com Michel Melamed e Angélica Freitas nas primeiras semanas. Michel esteve no dia 20, e Angélica, no último sábado. Ela é reconhecida nacionalmente por sua poesia feminista mesclando com sutileza dramas profundos e cotidianos do universo de mulheres das mais diversas faixas etárias e níveis sociais. Durante o encontro, Angélica deu várias dicas para quem quiser se profissionalizar na poesia. “Escrever é 福汇官网 prática, tenho vários cadernos e sempre ando com eles. Poesia é a arte mais democrática que existe, com um caderno de R$ 2 e uma caneta você tem suas ferramentas”, apontou ela, que ainda aconselhou que todos carregassem seus caderninhos, para todos os lados. “Tenham cadernos, a gente nunca sabe quando terá inspiração, andem com eles sempre, anotem, obriguem-se a escrever diariamente, mesmo que não seja uma obra prima, escrever é prática”, apontou.
O pontapé da FLUP 2017 foi dado no dia 12 de maio, com o Seminário “Seis Temas à Procura de Justiça – a Poesia Também Pode Inspirar a Luta Contra o Trabalho Infantil e a Escravidão Contemporânea”, que reuniu nomes como Marcelino Freire, Marta Porto, Athayde Motta, Flavia Oliveira, Julio de Tavares, Julita Lemgruber, Lia Schucman e Marcus Vinicius Faustini. Mais de 200 pessoas se reuniram no Museu de Arte do Rio para discutir temas espinhosos, como machismo, racismo, geração de renda, direito à circulação e criminalização da pobreza.
Os temas discutidos no seminário orientarão tanto as ações da FLUP Pensa quanto os poetas que vão participar do II FLUP Slam Colegial, que envolverá escolas públicas de ensino médio de seis regiões da metrópole carioca. O vencedor do II FLUP Slam Colegial, que acontecerá em julho, representará o Rio de Janeiro no FLUP Slam BNDES, competição de Poetry Slam que em novembro reunirá poetas de todo o país no Vidigal.
A FLUP Pensa resultará na publicação da coletânea “Seis Temas à Procura de um Poema”, a ser lançada na FLUP, no Vidigal, de 7 a 12 de novembro. “Tanto Michel quanto os demais poetas que participarão do ciclo de formação escrevem poemas que ficam ainda melhores quando apresentados oralmente, seja em saraus ou em espetáculos teatrais”, ressalta Julio Ludemir. “Esse primeiro ciclo é inteiramente voltado para poesia oral, propondo um diálogo com a poesia produzida na periferia, que tem como principais plataformas o sarau e o slam”, acrescenta Julio. A FLUP 2017 homenageará o centenário da Revolução Russa, tendo um forte teor político. “A ideia de juventude voltou a se associar ao desejo de grandes mudanças, como aconteceu em maio de 1968, que no próximo ano completará 50 anos”, lembra Ecio Salles.
A FLUP é apresentada pelo Ministério da Cultura e BNDES, apoio do Ministério Público do Trabalho e Parceria Rio Filmes. Realização ACEC – Associação Cultural de Estudos Contemporâneos, Ministério da Cultura, Governo Federal, Ordem e Progresso.
Sobre a FLUP
Idealizada por Ecio Salles e Julio Ludemir, a FLUP foi criada em 2012 com o objetivo de ser um espaço de formação de novos leitores e autores nas periferias das grandes cidades brasileiras. Em 2017, chega a sua 6ª edição propondo um diálogo com a ideia de revoluções – uma explícita homenagem ao centenário da Revolução Russa e ao cinquentenário de Maio de 1968. Mais um processo do que um evento, a Festa Literária das Periferias inicia suas atividades em maio, com uma sequência de encontros, visando à produção de uma coletânea de poemas e uma de narrativas curtas. A culminância deles será em novembro, em um evento de seis dias no Vidigal. Em 2012, a FLUP ganhou o Prêmio Faz Diferença do Jornal O Globo e, em 2016, o Excellence Awards da London Book Fair e Retratos da Leitura do Instituto Pró-Livro.
SERVIÇO
O ciclo de formação de poetas da FLUP Pensa acontecerá até o dia 24 de junho, no Museu do Samba (Rua Visconde de Niterói 1296, Mangueira). Confira as datas e horários abaixo. Inscreva-se no processo de formação pelo link: http://bit.ly/FLUPPensa. Mais informações na página: facebook.com/FlupRJ.
03/06 – Sérgio Vaz – 17h
10/06 – Ricardo Aleixo – 16h
24/06 – Elisa Lucinda – 17h