O grupo também conta com moradores do Morro Chapéu Mangueira, favela vizinha à Babilônia
No Morro da Babilônia, Zona Sul do Rio de Janeiro, comunicadores locais estão em processo de reativação de uma antiga rádio, a Jambal FM 105,9. O grupo de moradores envolvidos, alguns também do Morro Chapéu Mangueira, que fica ao lado, já atuam em comunicação comunitária em favelas há um tempo. “Não queremos fazer uma rádio baseada na denúncia da violência no território, queremos integrar a cidade às coisas que acontecem aqui. A rádio vai pegar lá embaixo também, é a nossa meta. O denuncismo da violência é uma das ferramentas de comunicação, mas não pode ser a única. Nossa programação terá música e entretenimento, mas também será uma ferramenta para a democratização da informação”, explica André Constantino, atual presidente da Associação de Mora- dores da Babilônia.
Os anos de 2004 e 2005 foram os melhores da rádio, que tinha uma boa audiência, infraestrutura e podia ser sintonizada até em São Gonçalo, outro município do Rio de Janeiro. André relembra “As ondas do mar levavam as ondas do rádio para longe, recebíamos ligações de gente até de São Gonçalo, pedindo músicas”. O nome Jambal é uma homenagem ao radialista que coordenou a rádio por muitos anos, antes de pausar suas transmissões em 2011. Hoje, os encontros para discutir questões sobre a programação, uso do estúdio e a antena de transmissão estão acontecendo na Associação de Moradores da Babilônia, que cedeu uma sala para a rádio. Para voltar ao ar, falta a estabilização da antena de transmissão.
No dia do lançamento oficial da rádio Jambal FM 105,9, os comunicadores pretendem fazer um evento no morro com transmissão ao vivo e uma série de atividades culturais. “A importância de uma rádio na favela é que a gente vai falar da favela de dentro. Lá fora quem está falando sobre o Chapéu Mangueira, a Babilônia, Vidigal e o Tabajaras? São páginas como Copacabana Alerta, Ipanema Alerta (páginas com relatos de assaltos, delitos, acontecimentos e problemas nos bairros da Zona Sul). As pessoas não têm noção do que está acontecendo aqui dentro”, ressalta Nathalia Urbina, comunicadora popular da Babilônia. Constantino acredita que o morro precisa “descer para a cidade”, e se integrar com ela. Umas das formas de se fazer isso é criar uma relação de convivência, e não de exclusão, com os moradores do Leme. Uma estação de rádio possibilitaria ampliar as informações locais para outras partes da Zona Sul.