Um clássico do rap nacional foi o presente oficial escolhido pela prefeitura de São Paulo para o papa Francisco. O prefeito Fernando Haddad esteve no Vaticano e levou o álbum “Sobrevivendo no Inferno” dos Racionais MC’s em LP e autografado pelos integrantes, como recordação ao pontífice. A capa de “Sobrevivendo no Inferno”, lançado em 1998, traz uma cruz e trecho do Salmo 23: “Refrigere minha Alma e guia-me pelo caminho da Justiça”.
As citações bíblicas permeiam por toda a obra, repleta de letras sobre desigualdade social, racismo e violência policial, como em “Cápitulo 4, Versículo 3” e “Diário de um Detendo”. Não à toa, o álbum lançou Racionais para o estrelato, chamando atenção às denúncias feitas nas músicas.
Com informações do UOL.
OPINIÃO
Após a veiculação da notícia, uma série de críticas começaram a “onar” na internet. Comentários do tipo “O que um papa tão bom fez pra merecer isso?” ou “Primeiro foi o um martelo estranho, agora um Cd desses“. Dentre os inúmeros comentários, fica implícito tudo o que o clássico álbum dos Racionais quer dizer: O TERROR DO RACISMO. Considerada por muitos uma música de “favelado”, “preto”, de “pobre” e “bandido”, o som dos Racionais é um dos mais ouvidos no Brasil. Geralmente aqueles que comentam “Não tinha presente melhor“, estariam satisfeitos se Haddad levasse um CD do “Rei” Roberto Carlos ou até mesmo daqueles que não tem nenhuma mensagem relevante em suas músicas, no caso de Michel Teló por exemplo.
A ideia de levar esse CD ao Papa foi um ponto positivo. Mostra a realidade do Brasil. Sobre o entendimento ou não do pontífice sobre algumas palavras, é normal, mas os Racionais MC’s usam muitos termos bíblicos, que serão sim entendidos. O que não cabe é esse preconceito barato, encubado, que gera um dos piores tipos de racismo. Aquele que é exibido no olhar, que por simplesmente ouvir e gostar de um estilo musical, se é julgado como um “bandido”. Muito desse atraso do Brasil se deve pela falta de discernimento da população, pelo curto entendimento e grande julgamento, além do tal racismo. Muitos por aí, entenderam o presente como um “CD” somente, e não perceberam, incrivelmente, que o prefeito tentou levar uma mensagem, uma realidade.
Fica aqui meus parabéns a Prefeitura de São Paulo, pela sensibilidade de mostrar o trabalho que vem da periferia, da comunidade, que é sim de QUALIDADE, ao invés de pagar de culto com um CD de Ed Motta, por exemplo, que país a fora vive negando o Brasil e a realidade dessa terra.