Ao longo dos últimos meses, a imprensa fervilhou com a quantidade de notícias bombásticas que tumultuavam os noticiários: impeachment, desdobramentos da operação Lava Jato, o quase eterno processo de cassação do deputado Eduardo Cunha. Agora que a tempestade passou, é hora de falar sobre o assunto mais importante de todos, que havia sido esquecido em meio ao turbilhão: o futuro do Brasil.
Dilma e Eduardo Cunha já perderam seus mandatos e as eleições municipais estão apenas alguns quarteirões adiante. A Operação Lava Jato continua, e não dá indícios de que pretende estacionar, mas uma causa mais importante e mais urgente clama pelos holofotes nesse momento. Enquanto o país esteve distraído com tantos acontecimentos marcantes, os problemas brasileiros não só continuaram fortes, como se aprofundaram.
A educação continua ruim, ineficiente e pouco abrangente. A saúde, como sempre, anda doente: quem depende da rede pública para tratar qualquer condição tem chance grande de não conseguir acesso ao tratamento. Mas além desses problemas estruturantes do país, existem alguns de ordem superior que podem interferir em todos os outros: a política econômica, por exemplo. A classe empresarial brasileira, que gera milhões de empregos, está completamente sufocada por uma série de fatores. A estagnação da economia, aliada aos impostos cada vez mais altos que precisam ser pagos ao governo estão tornando muitas atividades empresariais inviáveis. Como resultado, esses negócios que não conseguem se sustentar são forçados a demitir funcionários, e outro dos problemas brasileiros, o desemprego, fica ainda pior.
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As Eleições Municipais de 2016 seriam o momento perfeito para o Brasil provar que aprendeu com as lições dos últimos meses, e que teria decidido de uma vez por todas acabar com a corrupção e focar em resolver os problemas nacionais. Pelo desenrolar do pleito até então, nada indica que é isso o que vai acontecer. Em geral, o escopo das campanhas continua, como de costume, se limitando a ataques entre adversários e a promessas rasas de obras transformadoras, que, ao passo em que podem ajudar a melhorar alguns pontos localmente, falham em repensar o país como um todo e resolver os problemas nacionais mais urgentes.
Enquanto não pararmos de nos distrair com as redondezas e não focarmos no cerne da ferida brasileira, continuaremos sendo o mesmo país de sempre, com os mesmos problemas de sempre. Não trago a solução para os problemas nacionais. A solução precisa ser debatida e construída em conjunto por representantes de toda a população. Mas precisa ser construída, e rapidamente. É hora de deixarmos as outras pautas levemente escanteadas para focarmos naquela da qual todas as outras derivam: a Pauta Brasil, a pauta de cada um de nós.