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#Opinião: A questão econômica na Baixada Fluminense e sua relação com a violência na região

Texto: Nathália Rodrigues

A região da Baixada Fluminense é composta por 13 municípios, são eles: Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo, Queimados, Magé, Guapimirim, Mesquita, Japeri, Paracambi, Seropédica e Itaguaí. Essa definição das cidades pertencentes à Baixada Fluminense é compartilhada pela maioria dos pesquisadores da região, entretanto, existem outros acadêmicos que incluem ou retiram alguns dos municípios. Vale ressaltar que a análise da FIRJAN dividiu a Baixada Fluminense em dois grupos denominados “Baixada Fluminense I” e “Baixada Fluminense II”.

Os municípios de Mangaratiba (Baixada Fluminense I), Miguel Pereira e Paty do Alferes (Ambos compondo a Baixada Fluminense II) foram considerados pertencentes à Baixada Fluminense devido à base da pesquisa ser através de dados da FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). A região possui o PIB – Produto Interno Bruto entre 13% a 15% conforme e tabela abaixo:

PIB Baixada Fluminense I – Municípios: Itaguaí, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, Seropédica e Mangaratiba.

Mas o que significa o PIB? O Produto Interno Bruto é o valor em reais de tudo que foi produzido no país/estado/Município no período de um ano. Repara-se que desde 2002 os setores como indústria, serviços, comércio, administração pública e os impostos aumentaram desde então, vale ressaltar que os serviços em geral e o comércio aumentou gradativamente e a participação do PIB foi de 4,7% em apenas 8 municípios.

Segundo a FIRJAN, Nova Iguaçu concentra praticamente a metade do PIB regional (44,6%). Itaguaí tem a segunda maior contribuição para o valor produzido na região, 15,5%, enquanto Queimados e Nilópolis participam cada um com pouco mais de 8% da produção. Os outros cinco municípios (Japeri, Mesquita, Paracambi e Seropédica) respondem por aproximadamente 23% do PIB da região, com participações que variam de 2%, em Paracambi, a 7%, em Mesquita.

Os municípios onde a Indústria tem maior contribuição para o PIB são Queimados e Seropédica. Em Queimados destaca-se a fabricação de Produtos de minerais não-metálicos, Veículos automotores, reboques e carrocerias e têxtil. Em Seropédica a força da Construção civil e fabricação de Produtos alimentícios. Como ilustra a tabela abaixo:

 

Temos a segunda parte que nos mostra dados sobre a Baixada Fluminense II:

PIB Baixada Fluminense IIMunicípios: Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Magé e São João de Meriti, Miguel Pereira e Paty do Alferes.

Duque de Caxias concentra mais de 60% do PIB regional (61,5%) e outros 30% do valor produzido estão em Belford Roxo (17,1%) e São João de Meriti (12,9%). Os outros quatro municípios (Guapimirim, Magé e Miguel Pereira) respondem juntos por aproximadamente 8% do PIB da Baixada Fluminense Área II (R$ 3,7 bi).

Em Belford Roxo a Indústria gera a maior parte do PIB municipal, destacando-se a fabricação de produtos Químicos e Artigos de plásticos. Duque de Caxias também tem proporção elevada da Indústria no PIB (23,9%). Neste município o destaque é da Fabricação de coque, refino de petróleo e biocombustíveis, Químicos e Veículos automotores, reboques e carrocerias. Como ilustra a tabela abaixo:

Após esse breve panorama sobre a análise econômica da região, podemos discutir algumas questões como: Se a Baixada Fluminense produz entre 13% a 15% do PIB do estado do Rio de Janeiro, por que mesmo assim a região é considerada a mais violenta do estado? Dados recentes do ISP-RJ (Instituto de Segurança Pública) mostram que a região da Baixada Fluminense é a que mais possui índices de criminalidade. Tomemos como exemplo as taxas de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) região.


Dados gráficos do ISP RJ – Instituto de Segurança Pública do RJ 

 

Dados gráficos de homicídios dolosos na cidade do Rio de Janeiro:

Dados gráficos do ISP RJ – Instituto de Segurança Pública do RJ 

Podemos observar que na Baixada Fluminense possui muito mais homicídios dolosos que a região do RJ (onde possui mais municípios que a baixada). É preocupante, pois a baixada possui apenas 13 municípios na região e mesmo assim, é a região mais violenta do Estado. Movimenta-se milhões para a capital do Rio de Janeiro, entretanto, não possuímos segurança pública e sim vivemos a mercê do coronelismo. Caracteriza-se por uma pessoa, o coronel, que detinha o poder econômico e exercia o poder local por meio da violência e troca de favores. Infelizmente não é noticiado e essas pessoas são esquecidas tanto pela segurança pública, quanto pela mídia convencional para abrir espaço para que a população tenha sua voz ouvida.

Em Nova Iguaçu por exemplo o número de vítimas de homicídios dolosos em 2018 é alarmante:

Dados gráficos do ISP RJ – Instituto de Segurança Pública do RJ

Nesta análise do município temos que o número de homicídios dolosos diminuiu em relação de 2017, entretanto não muda quem são os mais afetados neste sistema: Homens e negros/pardos entre a faixa etária com mais índices são de 17 a 23 anos. Apesar da Baixada ser relativamente grande demograficamente, infelizmente não possui indústrias ou empregos como na cidade do RJ, somos esquecidos e servimos apenas para força de trabalho (ou não nos contratam por conta da distância). Movimentamos muito dinheiro por aqui, porém não vemos onde ele está sendo distribuído e aplicado. Infelizmente em muitos casos, famílias se deslocam para outros municípios para atendimento médico por exemplo (conforme dados da Coletiva da Defensoria Pública do Rio de Janeiro)

Este primeiro artigo foi uma introdução bem básica sobre a região em que eu vivo e que gostaria de compartilhar com vocês. É importante mostrarmos que a Baixada Fluminense, assim como os bairros periféricos da cidade do RJ, precisa de representatividade e forte atuação de políticas públicas de qualidade. 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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