O dia 29 de setembro de 2018 ficará marcado na memória de milhares de pessoas, inclusive na minha. Há quem diga que o movimento #elenão, organizado pelas mulheres nas redes sociais, em oposição ao candidato à presidência, Jair Bolsonaro, mobilizou cerca de 115 cidades no Brasil e no mundo. Certamente, se não foi a maior manifestação liderada por mulheres no país, está entre as maiores.
O ato, no Rio de Janeiro, iniciou na Cinelândia e seguiu para a Praça XV, no Centro da cidade. Parecia que estávamos na final de uma Copa do Mundo, sabe? Todos felizes, esperançosos. Vi uma mãe com um recém-nascido. Aquele bebê, sem dúvidas, sentiu-se acolhido no meio da multidão, porque as pessoas espalharam amor.
Mulheres de todas as idades, homens, gays, lésbicas, negros, brancos, indígenas, enfim, seres humanos com características diversas compartilharam o mesmo pensamento, ele não. Os gritos ecoavam alto, com palavras de ordem que pediam mais respeitos às diversidades, um país sem preconceito e com mais igualdade.
Para mim, enquanto negra, achei extremamente importante a participação de mulheres negras na manifestação, como as atrizes Cris Vianna e Juliana Alves. Elas representavam, ali, nossos ideais e, vê-las pessoalmente foi motivador.
Em diversos momentos fiquei arrepiada, principalmente, durante as apresentações no palco, na Praça XV. O Slam das Minas arrancou suspiros e lágrimas da platéia, me lembro da frase de uma menina “Vai ter mais pretos na faculdade, do que na delegacia”. Isso mexeu profundamente comigo e sintetizou tudo o que desejo para os meus. Os meus significa meu povo, minha raça, meus irmãos.
Teresa Cristina, Simone Mazzer, Samba que Elas Querem, Nanda Costa, Lan Lan, essas, são apenas algumas das mulheres que se apresentaram e animaram o público. Estávamos em evidência. O palco era nosso, das MULHERES.
Celebramos a diversidade, o respeito ao próximo, a democracia, o feminismo. Sorrimos, cantamos, gritamos ele não, ele nunca . A nossa arma foi o amor. O discurso de ódio e a violência não fizeram parte da festa, em nenhum momento.
Percebi, definitivamente, no dia 29 de setembro de 2018, o poder de uma mulher e que, todas juntas, são capazes de mover uma multidão e mudar o rumo de um país. Quero que esse dia esteja presente nos livros de história para eu contar aos meus filhos que participei desse momento histórico.