Julia Rangel e os voluntários da Rede Postinho levam saúde através das consultas ambulatoriais e dos grupos de apoio na comunidade do PPG
A saúde é um direito de todos e um dever do Estado, garantido na Magna Carta de 1988. Porém, e quando é a própria estrutura do Estado que está doente? Por exemplo, se um dado governador se restabelece de suas mazelas em um SPA que cobra R$ 8 mil por semana e, por isso, usufrui de seu poder aquisitivo adquirido, está nos dando um recado bem claro: “com saúde não se brinca, gaste o quanto for preciso para melhorar”. É evidente que esse pensamento é excludente: afinal, para muitas pessoas, a única escolha ainda é o atendimento público e, como sabemos, ele está longe de ser o ideal. Foi com essa inquietude de querer ver a qualidade social através da saúde mais igualitária que Julia Rangel resolveu montar, em 21 de abril de 2010, a Rede Postinho, no PPG.
Julia, que é psicóloga, convocou a sua rede de amigos – igualmente inconformados, como ela – para realizarem, em uma casa cedida pela Associação de Moradores, atendimentos ambulatoriais para os moradores da comunidade.
No princípio, o trabalho surgiu sem a pretensão de ser uma ONG, era só uma ação voluntária que, com o passar do tempo, foi ganhando força. Para Julia, uma das razões de ter fundado o Postinho é “devolver para o mundo aquilo que a gente recebe”. Ela afirma que, de alguma forma, todos podem participar, toda a sociedade civil: “A gente vive um momento muito difícil em nosso país e não dá para contar só com o governo”.
A Rede Postinho é focada no atendimento às mulheres por duas razões: primeiro, pela falta de recursos para atender outras demandas (crianças, homens…) dos mais de 28 mil moradores da comunidade; segundo, porque as mulheres são multiplicadoras: elas podem levar a orientação que recebem no Postinho para dentro de suas casas.
A ONG faz, em média, 320 atendimentos ambulatoriais por mês, nas áreas de clínica geral, acupuntura, homeopatia, psicologia (individual, grupo, casal e família), nutrição, massoterapia, reiki, terapia floral, auriculoterapia, fisioterapia e terapia ocupacional. A estimativa é triplicar esse número com os atendimentos em grupo no segundo andar da casa, inaugurado no final do ano passado.