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A onda é ser como quiser #Empoderamento

Andressa ignora as críticas e exibe seus cachos - Foto: Bento Fabio/Jornal Voz da Comunidade
Andressa ignora as críticas e exibe seus cachos - Foto: Bento Fabio/Jornal Voz da Comunidade

Cacheado, liso, black power, trançado, raspado, colorido, natural, alisado. São aceitos todos os tipos de cabelo e é importante falar sobre isso. Por muitos anos a moda ditou como deveríamos arrumar nossos cabelos e nos escravizou com amarras, alisamentos, perucas.

Hoje o cenário mudou, ainda bem, e padrão é não ter padrão. Muito tem se observado sobre o crescimento de mulheres que aceitam seus cabelos naturais e estão dando um show com cabeleiras incríveis. Esse processo de aceitação do cabelo não nos diz apenas sobre estética, mas também sobre personalidade.

Estamos começando no Voz da Comunidade uma série sobre quebras de padrão. É importante falar sobre a necessidade de transcender as regras impostas pela nossa sociedade e precisamos trabalhar a aceitação pessoal e do outro. Precisamos romper preconceitos para que juntos possamos criar um mundo melhor de ser viver.

Começamos por um assunto que tem feito a cabeça de muita gente: a ascensão dos crespos!

A onda é ser como quiser

Esse espetáculo de cachos e crespos que se vê hoje, foi por muito ­tempo criticado, por muito tempo disfarçado. Hoje, após uma sofrida transição, pela qual eu também passei, é permitido andar com cabelo natural.

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Andressa Cavalcanti – Foto: Bento Fabio/Jornal Voz da Comunidade

Andressa Cavalcanti, 25 anos, conheceu seu cabelo há pouco mais de um ano, depois de passar pelas mais diversas experiências capilares. “Eu não conhecia o meu cabelo. Tive uma amiga que me incentivou muito a deixar natural. Foi um processo difícil para tirar a química, mas hoje apesar de ainda estar me adaptando ao novo estilo, escuto muitos elogios”, conta.

“Minha mãe não gosta do meu cabelo! Eu escuto muitas críticas ainda e isso é bem difícil pra mim. Mas eu tô bem, tô me achando bonita. Converso com ela e passo que é importante pra mim me redescobrir negra e crespa”

Aceitar o próprio cabelo, para Andressa, foi aceitar sua personalidade sem medo de opiniões contrárias e essa é a onda. “Minha mãe não gosta do meu cabelo. Eu escuto muitas críticas ainda e isso é bem difícil pra mim. Mas eu tô bem, tô me achando bonita. Converso com ela e passo que é importante pra mim me redescobrir negra e crespa”, desabafa emocionada.

Quando questionada sobre se o movimento crespo seria passageiro ou substituído com a moda, Andressa foi simples, “Eu acho que não. É uma redescoberta, um reencontro consigo mesmo. Mas se for, também, será a melhor moda dos últimos tempos”.   

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Melissa Cannabrava – Foto: Bento Fabio/Jornal Voz da Comunidade

E há quem já tenha feito todo esse processo e tenha voltado ao liso. Melissa Canabrava é um exemplo. Ela bem que tentou se adequar ao cabelo enrolado, mas não achou que seria condizente com sua personalidade. “Eu acho bacana pra quem conseguiu. Eu não me adaptei e acho que meu estilo é esse mesmo, liso. Eu escuto muita gente falar que eu deveria deixar enrolado e tal, mas imagina minha franja cacheada?”, comenta. Auto aceitação não é um problema para Melissa que desde muito nova sempre rompeu padrões estéticos e comportamentais. “Mais nova eu era punk, andava com o olho todo pintado de preto. Mas cresci e fiquei preguiçosa, eu acho. Hoje em dia eu sou mais básica”, brinca.

Ter o poder da decisão sobre seu próprio estilo é libertador. Escolher apenas por questões pessoais como se vestir ou como manter o cabelo, é libertador. Aceitar o outro, respeitando escolhas distintas, é libertador. A necessidade de precisar se enquadrar ao padrão para ser aceito é fora de moda e de propósito. Poder ser quem se é, é a onda.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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