ARTIGO DE OPINIÃO – Gordofobia é um termo bastante em voga e, sucintamente, significa uma aversão à gordura e a pessoas gordas. Estamos inseridos em uma sociedade que preza pela magreza ou pelo corpo sarado, definido na academia, e quando alguém está acima do peso dito como saudável e normal sofre, infelizmente, consequências que vão desde um olhar de desprezo até mesmo ofensas verbais.
Em entrevista ao canal “Todas Juntas”, a atriz Mariana Xavier falou sobre o assunto e contou que tomava remédios para emagrecer e foi justamente nessa busca incansável pelo corpo perfeito que acabou engordando cerca de 20 kg. Além disso, adiou os planos de trabalhar na TV por conta da forma física e de alguns comentários que diziam que ela estava gorda para televisão. A capacidade de desenvolver algum ofício não pode estar relacionada à aparência física, esse é um preconceito embutido na cabeça de muitos indivíduos.
A falta de representatividade e a divulgação do magro como sinônimo de beleza faz com que muita gente sofra e acabe realizando dietas malucas, sem a ajuda de um profissional especializado, tomando inúmeros medicamentos, que podem prejudicar a saúde, se privando de ir a praia, de usar um biquíni ou uma sunga, por exemplo. A autoestima, desta forma, torna-se cada vez mais baixa e os resultados nunca serão satisfatórios, porque o problema não é o corpo, o psicológico é que fica abalado.
Na exposição “O corpo é a casa”, do artista austríaco Erwin Wurn, o corpo é descaracterizado em algumas peças para que caiba dentro de um molde. É feita uma analogia aos modelos sociais, onde muitos indivíduos perdem sua essência para se encaixarem num sistema, mesmo estando completamente desconfortáveis e irreconhecíveis. Já outras, têm tamanhos exagerados e causam desconforto por simbolizar o corpo de uma maneira “anormal”, mencionando, implicitamente, como estamos acostumados a vê-lo padronizado e, quando não é representado assim, causa estranhamento ou riso.
Ser magro não é sinônimo de saúde, assim como ser gordo não é de doença. Alguns comentários como “nossa, seu rosto é tão bonito” ou “por isso que está gordo” são extremamente preconceituosos e desumanos. Devemos respeitar e nos policiar para não reproduzirmos, mesmo que sem a intenção de ofender, expressões enraizadas que menosprezam e ferem as pessoas.